São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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CIÊNCIA
Pesquisa sugere a existência de fator genético ligado à maior sensibilidade de hipertensos ao consumo do sal
Gene agrava dietas com sal, diz estudo

da "Reuters"

Diferenças genéticas explicariam por que nem todos os hipertensos são sensíveis à quantidade de sal presente em suas dietas, afirmam pesquisadores dos EUA que dizem ter descoberto o "gene do sal".
Segundo os cientistas, os indivíduos com uma determinada variedade desse gene -chamada de AA- têm maior risco de se tornar hipertensos e respondem melhor a terapias com base na redução do sal na alimentação.
Em outro grupo, o das pessoas que têm a variedade tipo GG, a redução do sal na dieta deixa de provocar queda significativa da pressão arterial depois de seis meses.
Os resultados reforçam a importância da redução do consumo de sal para o controle da hipertensão em qualquer paciente.
"O estudo é o primeiro passo para podermos definir quem é e quem não é sensível ao sal", disse Steven Hunt, da Escola de Medicina da Universidade de Utah (EUA), que coordenou a pesquisa.
A equipe de Hunt acompanhou, por três anos, 1.509 homens e mulheres brancos com idade de 30 anos a 54 anos. No início do estudo, todos estavam acima do peso corporal recomendado.
Os pacientes apresentavam níveis de pressão arterial diastólica (que ocorre após a contração do músculo cardíaco) entre 83 mm/ Hg e 89 mm/Hg (milímetros de mercúrio), um pouco abaixo de 90 mm/ Hg, que define a pressão alta.
Os participantes foram divididos em quatro grupos. Um deles foi submetido a uma dieta baixa em sal. Outro seguiu uma dieta para a perda de peso. O terceiro combinou essas duas dietas e o quarto, o de controle, não mudou seus hábitos alimentares.
Ao final do estudo, no grupo que reduziu o sal, as pessoas portadoras da variedade AA do gene apresentaram pressão diastólica média 2,2 mm/Hg menor do que a do grupo de controle.
A pressão média dos portadores da variedade GG no grupo que cortou o sal diminui durante os primeiros seis meses da pesquisa, mas, ao final do terceiro ano, estava 1,3 mm/Hg acima do valor médio do grupo de controle.
Hunt diz que não sabe por que as pessoas com variedade GG se tornaram "insensíveis" à diminuição do sal só depois de seis meses.
Resultados similares ocorreram no grupo da perda de peso, ou seja, os níveis de pressão diastólica caíram entre os portadores da variedade AA e se mantiveram inalterados nos indivíduos com genes GG.
Em agosto deste ano, David McCarron, da Universidade das Ciências da Saúde, em Portland, Oregon (EUA), disse que o sal não é o fator alimentar mais importante no controle da hipertensão.
McCarron afirmou que uma dieta rica em minerais como o potássio, o magnésio e, principalmente, o cálcio é mais eficiente na prevenção da doença.
Os resultados da pesquisa de Hunt foram publicados na edição deste mês da revista "Hypertension: Journal of the American Heart Association", dos EUA.



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