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Obama e Hu, agora, dizem querer metas
Presidentes dos dois maiores poluidores do mundo afirmam que cúpula de Copenhague tem de produzir "efeito prático"
China e EUA receberam
críticas após decisão, no
domingo, de limitar avanço
na conferência do clima a
uma declaração política
Daniel Muñoz/Reuters
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Chaminé solta vapor e poluentes em usina termelétrica de Wollongong, Austrália
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Estados Unidos e China, os
dois maiores poluidores do planeta, anunciaram ontem em
Pequim que aceitam estipular
metas para emissão de gases
causadores do efeito estufa.
O comunicado dos presidentes Barack Obama e Hu Jintao
foi feito dois dias depois que as
duas potências decidiram enterrar a cúpula do clima de Copenhague, marcada para dezembro, propondo que seu resultado seja só um acordo político, sem efeito legal.
Ontem, Obama afirmou que
não quer só uma declaração de
intenções em Copenhague.
"Nossa intenção não é de um
acordo parcial ou uma declaração politica, mas sim um acordo abrangente, que tenha efeitos imediatos", disse Obama,
em entrevista coletiva com Hu.
Não deu mais detalhes e perguntas não foram permitidas.
No comunicado conjunto, os
presidentes disseram que o
acordo em Copenhague deve
incluir metas para redução de
emissão de gases-estufa para os
países desenvolvidos e um plano de ação para reduzir as
emissões de países em desenvolvimento. E que o diálogo entre os dois países inclui assistência financeira a países em
desenvolvimento e a promoção
de novas tecnologias, além de
proteção a florestas tropicais.
Hu disse que China e EUA
concordaram e expandir a cooperação em energia e mudança
climática para "ajudar a produzir um resultado positivo na
conferência de Copenhague".
A China e os EUA respondem, juntos, por 40% das emissões de gás carbônico do globo.
Sem compromissos ambiciosos
de redução por parte de ambos,
nenhum acordo terá efeito.
E os EUA não estão indo a lugar nenhum. Apesar de ter feito
do clima uma prioridade de sua
campanha, Obama depende,
para agir, da aprovação da lei de
mudanças climáticas pelo Senado, que só deve acontecer em
2010. Sem EUA, não há China.
Além disso, há outros obstáculos ao acordo, principalmente no tocante ao financiamento
do combate à mudança climática nos países pobres.
A própria anfitriã da cúpula
do clima, a Dinamarca, sucumbiu. Seu premiê, Lars Rasmussen, propôs um acordo "politicamente vinculante", que deixaria o pacto legal para 2010.
Ontem, no final de uma reunião de ministros de 44 países
em Copenhague, que incluiu o
Brasil, a ministra do Clima da
Dinamarca, Connie Hedegaard, fez as vezes de otimista.
"Houve um mal-entendido
por alguns de que estivéssemos
querendo um acordo parcial.
Não é nosso plano. Nós queremos entregar respostas para todos os problemas principais, e
também queremos um mandato para tentar dar forma legal a
tudo isso", afirmou. Hedegaard
citou como exemplo de vontade política a meta brasilleira de
cortar até 39% das emissões em
relação à trajetória em 2020.
"Um acordo político não sobreviverá à próxima eleição, à
próxima recessão ou ao próximo desastre natural", criticou
Kim Carstensen, do WWF. "O
que nós precisamos é de um
acordo legal." Segundo ele, há
tempo. "Os rumores sobre a
morte de Copenhague foram
enormemente exagerados."
Mas outros países ricos já
aceitaram o acordo político.
"Nós queremos um tratado
legalmente vinculante, queremos obtê-lo em Copenhague.
Mas, na prática, isso não será
possível em Copenhague, então
queremos números e metas de
redução de emissões. Também
queremos números para financiamento", disse Aled Williams, porta-voz do Departamento de Energia e Clima do
Reino Unido. Os britânicos
querem que os líderes também
estabeleçam em Copenhague
um prazo para o acordo final.
Com agências internacionais
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