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Grupo põe neurociência social em dúvida
Equipe da Universidade da Califórnia diz que método pode inflacionar a força da ligação entre região cerebral e emoção
Após analisar 50 estudos, o pesquisador Hal Pashler questionou cerca de 30 investigações; cientistas criticados o contestam
DA "NEW SCIENTIST"
Alguns dos resultados mais
quentes no domínio da incipiente neurociência social, em
que emoções e características
comportamentais estão ligadas
à atividade em uma região específica do cérebro, podem ser
inflados e, em alguns casos, ser
inteiramente falsos.
É o que aponta o grupo do
psicólogo Hal Pashler, da Universidade da Califórnia, em San
Diego (EUA). Ele analisou mais
de 50 estudos que se apoiam
em ressonância magnética funcional do crânio, e questionou
os autores sobre seus métodos.
A equipe de Pashler diz que,
na maioria dos estudos, que relaciona regiões cerebrais com
sentimentos como rejeição social e ciúme, os pesquisadores
interpretam os dados através
de um método que inflaciona a
verdadeira força da ligação entre uma região cerebral e a
emoção ou comportamento.
A afirmação é contestada por
pelo menos dois dos grupos criticados, que argumentam que
Pashler entendeu mal os resultados e que suas conclusões são
apoiadas por outros estudos.
Em muitos das pesquisas, os
cientistas fazem uma varredura em cérebros de voluntários
quando eles completam uma
tarefa concebida para suscitar
uma emoção especial. Então, os
pesquisadores dividem as imagens das varreduras em cubos
chamados voxels -cada um deles pode conter milhares de
neurônios- e tentam correlacionar a atividade dos voxels
com as alterações emocionais
relatadas pelos voluntários.
O problema surge quando
pesquisadores tentam calcular
a força desta correlação. Isto
tem de ser feito em duas fases.
A primeira é identificar as regiões em que a correlação entre
a atividade dos voxels e a emoção ultrapassa um determinado limiar. Na segunda etapa, os
pesquisadores avaliam a força
da correlação naquela região.
Pashler recomenda que dois
conjuntos independentes de
exames seja utilizado nessas fases. Se o mesmo conjunto é
usado para ambos, há um aumento do risco de interpretar
erroneamente ruídos aleatórios como um verdadeiro sinal.
No entanto, em quase 30 dos
estudos analisados pelo grupo,
os pesquisadores utilizaram a
mesma varredura para identificar os voxels de interesse e determinar a correlação final -o
que pode produzir ligações entre emoções e regiões cerebrais
que, na verdade, não existem.
A falta de dados confiáveis
ocorre pela impossibilidade de
fazer mais ressonâncias magnéticas -já que são caras- e de
conseguir mais voluntários.
Nikolaus Kriegeskorte, do
Instituto Nacional de Saúde
Mental dos EUA, tenta medir o
número de estudos de neurociência que utilizam esse método porque também acredita
que sejam problemáticos. Em
2007, parte de um artigo foi retirado do periódico "Nature
Neuroscience" após um pesquisador mostrar que ruídos
aleatórios poderiam ter produzido a correlação relatada.
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