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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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AAAS

Grupo da Nasa e da Força Aérea dos EUA diz em reunião científica que não há bólidos em rota de colisão com a Terra

Lista de asteróides perigosos sai até 2008

Associated Press
Ilustração artística mostra como seria impacto de um asteróide


SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

Os astrônomos estimam que nas cercanias da Terra existam cerca de 1.100 asteróides com dimensões suficientes para, em caso de impacto, causar a extinção da espécie humana. Até 2008, todos esses candidatos a "assassinos espaciais" devem estar catalogados, o que afastaria por ora o risco de um desastre em escala planetária.
Esse é o prognóstico apresentado por David Morrison, do Centro de Pesquisa Ames da Nasa (agência espacial americana), durante a 169ª Reunião Anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), que terminou ontem em Denver, no Estado do Colorado.
O principal programa responsável pela identificação de todos esses asteróides matadores (com mais de 1 km de diâmetro) é o Spaceguard Survey, conduzido pela Nasa e pela Força Aérea americana. Iniciado em 1998, ele já catalogou cerca de 700 NEOs (Objetos Próximos da Terra, em inglês), do total estimado de 1.100.
"A boa notícia é que, embora muitos desses asteróides venham a se chocar com a Terra um dia, nenhum deles está num curso de colisão atualmente", disse Morrison. "Quando tivermos todos esses asteróides catalogados, provavelmente vamos descobrir que nenhum deles deve nos atingir -e teremos removido, para a nossa geração, a preocupação sobre essa ameaça particular à sobrevivência da civilização."
Mesmo assim, há muitos corpos menores que poderiam fazer o estrago equivalente ao de uma ou duas bombas nucleares. Dependendo do local da queda, isso pode significar milhões de mortes.
Os cientistas reunidos em Denver debateram o que fazer quando a Spaceguard Survey estiver concluída. Embora cada um tenha sua opinião sobre o quanto a mídia está alertando a população ou simplesmente alarmando o público, há algum consenso em termos dos próximos passos. Um deles é prosseguir com o rastreamento dos céus, procurando objetos com menos de 1 km. Por serem menores, esses asteróides são mais difíceis de localizar.
Outra ação, segundo os cientistas, é prosseguir o desenvolvimento de tecnologia espacial para o caso de algum asteróide de fato estar rumando para a Terra. Morrison parece convencido de que a combinação desses elementos pode evitar futuras catástrofes para a Terra -certamente já será uma chance melhor do que a dos dinossauros, há 65 milhões de anos.
O mapeamento desses objetos daria à humanidade, no caso de um impacto, ao menos algumas décadas de preparação. No caso de um cometa de longo período (que só cruza a órbita da Terra uma vez em centenas ou milhares de anos e passa a maior parte do tempo longe demais para ser detectado), porém, o aviso seria muito em cima da hora.
Seria, provavelmente, inútil, se depender do que os cientistas já conseguem imaginar para desviar ou destruir um bólido assassino -desde o uso da força bruta, com a aplicação de bombas nucleares, até soluções elegantes mas lentas, como a mudança do albedo (refletividade) de um asteróide, para fazer com que o impacto do bólido com a luz do Sol mude sua trajetória o suficiente para desviá-lo da rota de colisão com a Terra.


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