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Com atraso, binacional espacial ganha presidente
Ex-ministro dirigirá empresa montada por Brasil e Ucrânia para lançar satélites
A Alcântara Cyclone Space,
criada em 2005, usará base
no MA; Roberto Amaral foi
autor de frase polêmica
sobre a bomba atômica
Alan Marques - 24.abr.2003/Folha Imagem
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O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, do PSB |
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Dois anos após sua criação,
em 2005, a empresa binacional
brasileiro-ucraniana de lançamento comercial de satélites
teve seu presidente indicado
anteontem. A nomeação permitirá finalmente que o país
utilize a base de Alcântara, no
Maranhão, para entrar no bilionário mercado espacial.
O nome indicado pelo ministro Sergio Rezende (Ciência e
Tecnologia) para liderar a binacional Alcântara Cyclone Space
é Roberto Amaral, primeiro
ocupante da mesma pasta no
governo Lula.
A indicação atende a critérios
políticos: Amaral é vice-presidente do PSB, partido de Rezende e do presidente da AEB
(Agência Espacial Brasileira),
Sérgio Gaudenzi.
O ex-ministro, que só ficou
um ano no cargo, fez fama em
2003 ao defender, em sua primeira entrevista à frente do
MCT, que o Brasil produzisse
uma bomba atômica -causando a primeira polêmica do governo Lula. No mesmo ano, no
entanto, ele assinou o acordo
básico com a Ucrânia para permitir que os foguetes ucranianos Cyclone-4 usassem Alcântara para lançar satélites comerciais. O acordo evoluiria
para a empresa binacional. Sua
indicação não é uma surpresa.
"É preciso ver agora como isso vai se completar do ponto de
vista técnico, uma vez que o
Brasil ainda tem diretores da
empresa para nomear", diz José Monserrat Filho, especialista em direito espacial.
Para Gaudenzi, "Amaral é extremamente qualificado".
Para que a Alcântara Cyclone
Space comece a funcionar de
fato, o governo brasileiro ainda
precisa indicar mais quatro nomes. A Ucrânia já nomeou os
cinco representantes do país e
espera a definição brasileira.
A Folha apurou que o governo ucraniano já está impaciente com a demora brasileira para
concretizar as nomeações. Representantes da agência espacial daquele do país planejam
vir ao Brasil nas próximas semanas para pressionar o início
dos trabalhos da empresa.
De acordo com o MCT, o
Brasil já destinou um total de
R$ 26 milhões para o projeto. A
Ucrânia, já tem, desde 2005, os
recursos necessários correspondentes à sua parte do investimento inicial conjunto de
US$ 105 milhões.
Essa parceira significa para o
Brasil entrar em um mercado
de US$ 10 bilhões anuais. Para
a Ucrânia, representa uma possibilidade de competir internacionalmente. Como Alcântara
está perto do equador, o consumo de combustível pode ser
poupado em até 30%. A velocidade de rotação da Terra na região é maior, o que ajuda a impulsionar os foguetes.
Essa redução de custo pode
atrair empresas privadas e países interessados em enviar satélites e cargas para o espaço.
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