São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Com atraso, binacional espacial ganha presidente

Ex-ministro dirigirá empresa montada por Brasil e Ucrânia para lançar satélites

A Alcântara Cyclone Space, criada em 2005, usará base no MA; Roberto Amaral foi autor de frase polêmica sobre a bomba atômica

Alan Marques - 24.abr.2003/Folha Imagem
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, do PSB


FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Dois anos após sua criação, em 2005, a empresa binacional brasileiro-ucraniana de lançamento comercial de satélites teve seu presidente indicado anteontem. A nomeação permitirá finalmente que o país utilize a base de Alcântara, no Maranhão, para entrar no bilionário mercado espacial.
O nome indicado pelo ministro Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia) para liderar a binacional Alcântara Cyclone Space é Roberto Amaral, primeiro ocupante da mesma pasta no governo Lula.
A indicação atende a critérios políticos: Amaral é vice-presidente do PSB, partido de Rezende e do presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Sérgio Gaudenzi.
O ex-ministro, que só ficou um ano no cargo, fez fama em 2003 ao defender, em sua primeira entrevista à frente do MCT, que o Brasil produzisse uma bomba atômica -causando a primeira polêmica do governo Lula. No mesmo ano, no entanto, ele assinou o acordo básico com a Ucrânia para permitir que os foguetes ucranianos Cyclone-4 usassem Alcântara para lançar satélites comerciais. O acordo evoluiria para a empresa binacional. Sua indicação não é uma surpresa.
"É preciso ver agora como isso vai se completar do ponto de vista técnico, uma vez que o Brasil ainda tem diretores da empresa para nomear", diz José Monserrat Filho, especialista em direito espacial.
Para Gaudenzi, "Amaral é extremamente qualificado".
Para que a Alcântara Cyclone Space comece a funcionar de fato, o governo brasileiro ainda precisa indicar mais quatro nomes. A Ucrânia já nomeou os cinco representantes do país e espera a definição brasileira.
A Folha apurou que o governo ucraniano já está impaciente com a demora brasileira para concretizar as nomeações. Representantes da agência espacial daquele do país planejam vir ao Brasil nas próximas semanas para pressionar o início dos trabalhos da empresa.
De acordo com o MCT, o Brasil já destinou um total de R$ 26 milhões para o projeto. A Ucrânia, já tem, desde 2005, os recursos necessários correspondentes à sua parte do investimento inicial conjunto de US$ 105 milhões.
Essa parceira significa para o Brasil entrar em um mercado de US$ 10 bilhões anuais. Para a Ucrânia, representa uma possibilidade de competir internacionalmente. Como Alcântara está perto do equador, o consumo de combustível pode ser poupado em até 30%. A velocidade de rotação da Terra na região é maior, o que ajuda a impulsionar os foguetes.
Essa redução de custo pode atrair empresas privadas e países interessados em enviar satélites e cargas para o espaço.


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