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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Inscrição de irmão de Jesus é falsa

DA ASSOCIATED PRESS

Uma inscrição criando um suposto vínculo entre um antigo ossário e o irmão de Jesus, Tiago, é uma falsificação moderna sem relação com figuras do Novo Testamento, disse ontem a Autoridade de Antiguidades de Israel.
O ossário, empregado para sepultar ossos humanos em tempos antigos, havia sido saudado no cenário arqueológico, no final do ano passado, como uma descoberta extraordinária, que teria abrigado os ossos de Tiago, o irmão de Jesus de Nazaré.
Outros especialistas disseram na época que a inscrição, "Tiago, filho de José, irmão de Jesus", poderia ter sido falsificada, e que a caixa seria de um outro Tiago, sem parentesco com Cristo.
No Novo Testamento (Mateus, capítulo 13, versículo 55), há uma menção a Tiago como irmão de Jesus. Mais tarde ele se tornaria líder da Igreja em Jerusalém.
As autoridades israelenses descreveram como "falsificações" a inscrição de Tiago e um outro achado arqueológico conhecido como "inscrição Yoash". "As inscrições, provavelmente gravadas em dois estágios separados, não são autênticas", disse a Autoridade em comunicado.
A inscrição de Tiago atravessa a pátina (fino depósito de resíduos sobre uma superfície ao longo de muito tempo) da antiga caixa de calcário. Segundo especialistas, isso prova que ela não é antiga.
"A inscrição parece nova, escrita em tempos modernos por alguém que tentou reproduzir caracteres antigos", afirma o comunicado. As autoridades israelenses chegaram a suas conclusões após exames intensivos por vários comitês de especialistas.
O israelense Oded Golan, proprietário do ossário, desqualificou as conclusões oficiais. "Estou certo de que o comitê está errado em suas conclusões", afirmou. Golan disse ainda acreditar que seja autêntica a inscrição Yoash, com a qual também teve conexão.
A Autoridade de Antiguidades de Israel e a polícia de Jerusalém iniciaram investigações separadas sobre os dois itens depois que Golan pôs um deles à venda.
A inscrição Yoash é uma prancha do tamanho de uma caixa de sapato, do século 9º a.C., gravada com 15 linhas em hebraico antigo com instruções para a manutenção do Templo de Jerusalém.
Ao ser apresentada dois anos atrás, causou furor no mundo arqueológico, com alguns especialistas dizendo que era uma rara confirmação da narrativa bíblica. Mas o especialista em linguagem bíblica Avigdor Horowitz, que integrou um dos comitês investigadores, disse que nenhuma das passagens estava isenta de erros linguísticos.
A existência do ossário de Tiago havia sido revelada em novembro do ano passado numa entrevista coletiva da publicação especializada "Biblical Archaeology Review", em Washington. O objeto chegou a ser avaliado entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões.
O presidente da Autoridade de Antiguidades de Israel, Shuka Dorfman, disse que o exame da inscrição conduziu a uma conclusão unânime e inequívoca.


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