São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

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MEDICINA

Inspiração vem de planta utilizada pelos chineses

Equipe cria droga sintética para combater o parasita da malária

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma grupo de cientistas produziu aquela que promete ser a droga ideal para tratar a malária, doença tropical que ameaça 2 bilhões de pessoas, afeta meio bilhão por ano e mata uma criança africana a cada 30 segundos.
O parasita causador da doença, um organismo unicelular conhecido como plasmódio, tem adquirido resistência aos remédios mais usados. Hoje, o melhor tratamento para a doença vem de uma planta que já era usada para tratar febres na China há 1.500 anos, mas que só na década de 80 foi adotada no Ocidente.
Trata-se da artemisina, composto retirado da planta artemísia (nome científico Artemisia annua). Mas há vários problemas com terapias baseadas nele. Elas podem custar até 20 vezes mais que as drogas tradicionais; são de difícil produção em massa devido à dificuldade de extração do composto da planta; e exigem regimes de tratamento complexos.
Mas como a letalidade da artemisina ao parasita é incontestável, os cientistas liderados por Jonathan L. Vennerstrom, da Universidade de Nebraska, nos EUA, usaram-na como base para produzir uma versão sintética que pode ser mais barata e mais fácil de produzir e aplicar.
A equipe também inclui cientistas da Austrália, do Reino Unido e da Suíça, e deve ser produzida pela empresa indiana Ranbaxy, com patrocínio da ONG "Medicines for Malaria Venture" (Iniciativa Remédios para a Malária).
Mas nada garante que o parasita não crie resistência à artemisina ou à nova droga sintética. "Há sempre esse risco", disse Vennerstrom à Folha. Os resultados da equipe estão hoje na revista "Nature" (www.nature.com).



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