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Artigo reaviva debate sobre desmatamento
FREE-LANCE PARA A FOLHA
É o final do artigo na revista
"Science" que deve suscitar mais
debate. Além da pesca abundante
na região, os autores afirmam que
a mandioca era cultivada em larga
escala para sustentar milhares de
pessoas. E isso teria imposto uma
imensa transformação do ambiente, classificada no artigo como "dramática alteração humana
da cobertura vegetal".
A prova desse desmatamento
intencional é a presença de "chumaços" de floresta original dentro
de vastas áreas de mata secundária. Não se sabe bem o porquê de
os índios terem deixado essas reservas de vegetação primária.
"Havia uma co-evolução com o
ambiente, um modo de sustentar
populações densas por um longo
período, através de um sistema
ecológico sustentável", diz Heckenberger, sem, no entanto, arriscar uma explicação para a presença desses redutos intocados.
É justamente a defesa dessa intervenção ambiental que deve resgatar uma polêmica recente. O assunto já serviu para troca de artigos entre Heckenberger e Meggers na revista "Latin American
Antiquity" (www.saa.org/Publications/LatAmAnt/latamant.html). A antropóloga acusou o colega de, com esse argumento, apoiar o desmatamento.
Na resposta, no mesmo número
da revista (volume 13, número 3),
Heckenberger contra-ataca: "Ao
mesclar nosso tratamento dos sistemas indígenas de manejo dos
recursos com as estratégias mecanizadas de desenvolvimento do
mundo moderno, ela [Meggers]
cria uma atmosfera polêmica e
desnecessária para o debate".
"Não estamos aqui para salvar a
Amazônia ou o mundo. Essa tarefa é de outros", diz Heckenberger.
"A estratégia dos índios era inteligente, e é preciso aprender algo
com eles, pois os solos estão hoje
totalmente recuperados."
(CLV)
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