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RADIOASTRONOMIA
Empresas de tecnologia cortam patrocínio do Seti@home, que usa PCs para analisar sinais do espaço
Crise financeira ameaça procura por ETs
CHARLES ARTHUR
DO "THE INDEPENDENT"
O maior projeto mundial de
computação, que procura sinais
de rádio emitidos por eventuais
seres extraterrestres, está encarando um colapso financeiro devido à crise da indústria de alta
tecnologia. Isso pode frustrar o
desejo de vários cientistas de verificar sinais promissores do espaço
em busca de mensagens dos ETs.
As empresas de tecnologia que
patrocinaram a maior parte do
projeto Seti@home ("Seti at home", ou busca por inteligência extraterrestre em casa), que usa tempo ocioso de PCs para analisar dados vindos do espaço, estão
tão sem dinheiro que resolveram
cortar as doações para o projeto,
que funciona há três anos.
Apesar de mais de quatro milhões de pessoas já usarem o seu
programa de descanso de tela
-que analisa dados enquanto o
computador "dorme"-, o Seti@home precisa de mais de US$
400 mil anualmente para cobrir
seus custos. Com empresas como
a Hewlett-Packard e a Sun Microsystems demitindo milhares
de pessoas devido à crise, o projeto está tendo de procurar novas
fontes de receita -sem sucesso.
"Nossa verba atual segura mais
quatro ou cinco meses", disse David Anderson, coordenador do
projeto. "Tem sido difícil conseguir doações de dinheiro das empresas", afirmou -ressaltando, no entanto, que a dificuldade vem
desde o início do projeto.
O Seti@home começou em 1999
e é uma versão "democratizada"
do programa Busca por Inteligência Extraterrestre, que vasculha o
espaço com radiotelescópios em
busca de sinais padronizados que
possam ter origem numa transmissão intencional de ETs.
Qualquer um pode baixar um
pequeno programa da página do
Seti na internet (www.setiathome.ssl.berkeley.edu), que conecta o computador à internet, baixa
um pequeno pedaço de dados de
rádio e o analisa enquanto o micro não está sendo usado. Depois
de terminar, manda de volta os
resultados da análise.
O maior do mundo
Até agora, o projeto usou o
equivalente a 1,1 milhão de anos
de tempo de processamento e realizou 2 trilhões de gigaflops de cálculos -cada gigaflop equivale a
um bilhão de operações. Isso apequena qualquer computação disponível ou feita comercialmente.
Mais significativamente, o projeto detectou um punhado de sinais "candidatos", e a equipe do
Seti quer usar o maior radiotelescópio do mundo (em Porto Rico)
para tentar confirmá-los. Só que,
sem financiamento adicional, isso
será impossível.
Um segundo estágio do projeto
total, chamado Seti@home 2, começaria uma nova sessão de processamento, gravando sinais do
espaço na Austrália.
No entanto, no começo deste
mês, o cientista-chefe do Seti@home, Dan Werthimer, disse a colegas australianos num e-mail:
"Nossos fundos estão secando e
nós temos muitas incertezas sobre o futuro do Seti@home 1 e 2...
Eu estou trabalhando duro na
tentativa de levantar mais verbas
para o projeto, mas, como vocês
sabem, este não é um momento
fácil para levantar dinheiro".
"Como qualquer projeto de
pesquisa, nós vivemos de um financiamento para o outro", admitiu o pesquisador.
Um dia após o outro
Anderson disse estar animado
com a perspectiva de um financiamento por parte do governo
dos EUA, que, no passado, suspendeu toda destinação de verba
pública para projetos de busca
por inteligência extraterrestre.
"Nós recentemente recebemos
uma verba de US$ 900 mil por três
anos da Fundação Nacional de
Ciência para desenvolver software para projetos futuros", disse o
pesquisador. Só que essa verba
não pode ser aplicada ao projeto
já em andamento.
"Na pior das hipóteses, nós passaremos a operar com o mínimo
de pessoal: uma ou duas pessoas,
em vez de cinco, e completaremos
a análise dos dados coletados até
agora", acrescentou.
Isso poderia levar mais dez
anos. Cada sinal é verificado pelo
menos três vezes, o que, até agora,
só foi feito com cerca de 20% dos
dados coletados.
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