São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Segundo maior meteorito do Brasil pode ser vendido

Bólido de 2 toneladas e 70 cm de diâmetro foi encontrado em fazenda de Goiás

Rocha espacial só perde em dimensões para a Pedra do Bendengó e foi avaliada em US$ 200 mil por cientista do Museu Nacional, no Rio

Divulgação
O meteorito de 2 toneladas que caiu em Goiás, com a cicatriz de onde foi retirada a amostra

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DA AGÊNCIA FOLHA

Descoberto em uma fazenda em Campinorte (300 km de Goiânia), o segundo maior meteorito já encontrado no Brasil -com mais de duas toneladas e cerca de 70 cm de diâmetro- poderá ser vendido por milhares de dólares pelo dono da terra, Eli Braz de Oliveira.
A astrônoma especialista em meteoritos Maria Elizabeth Zucolotto, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, recebeu 50 gramas da pedra há três meses e atestou sua autenticidade.
Pelos cálculos dela, a rocha pode valer US$ 200 mil no mercado dos comerciantes de meteoritos -que fazem negócios com museus e colecionadores.
Isso porque, de acordo com o Ministério das Minas e Energia, não há uma regulamentação específica sobre a posse de meteoritos na legislação federal. Oliveira, o dono da fazenda onde o meteorito foi encontrado, só precisa pedir autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral e poderá vender a peça, se quiser.
No site eBay, há 1.395 ofertas de meteoritos -sem autenticidade comprovada-, cujos preços variam de um centavo de dólar a US$ 45 mil.
O valor do meteorito depende de sua raridade, tamanho e história, o que está sendo analisado no Museu Nacional.
Foi o empresário de Curvelo (MG) Rogério Vieira quem enviou o fragmento do meteorito para análise. Segundo ele, a rocha foi encontrada por Laerte Diniz, que buscava ouro nas terras de Oliveira, seu amigo.
Diniz comentou com Vieira que havia encontrado um grande bloco de ferro quando caminhava com um detector de metais. Vieira mandou o material para a análise de Zucolotto, que descobriu que tinha em mãos o pedaço do segundo maior meteorito do Brasil. O primeiro foi descoberto em 1784, no sertão da Bahia, em Bendengó, e pesava 5,36 toneladas.
Apesar do tamanho e da raridade do achado, Zucolotto acredita que a rocha não possua nada de especial em sua composição química. "Sua estrutura é normal, é grosseira."
Meteoritos são pedaços de estruturas que escapam dos mantos ou núcleos de corpos celestes como planetas e asteróides. A composição dessas estruturas dá pistas sobre a formação do Sistema Solar e a própria história geológica da Terra.
"Nós não conseguimos atingir nem o manto da Terra, muito menos o núcleo", afirmou Zucolotto. Estudando a composição dos meteoritos (a maioria formada por ferro e níquel, como o núcleo da Terra) os pesquisadores tentam remontar o passado da Terra.
Segundo Zucolotto, o bólido de Goiás vem do cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter.
O fazendeiro agraciado pelo acaso astronômico não foi encontrado pela reportagem. Segundo Ana Maria Macedo, uma moradora de Campinorte, os boatos na cidadezinha de 10 mil habitantes são de que Braz fugiu com seu tesouro e com a família. Laerte, o caçador de ouro, também não foi encontrado.


Próximo Texto: Efeito estufa: "Demora não é opção", diz Obama sobre ação no clima
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.