São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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ARQUEOLOGIA

Para primeiros agricultores, verde já era a cor da sorte

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Associar jóias com sorte e as cores de pedras preciosas com atributos é uma superstição que vem da pré-história. Duas pesquisadoras de Israel mostraram que os primeiros agricultores tinham uma grande preferência por jóias verdes, especialmente por colares de contas feitos com pedras esverdeadas.
Elas afirmam que a preferência refletia o uso desses colares para evitar o mau-olhado e trazer fertilidade.
Daniella Bar-Yosef Mayer, da Universidade de Haifa, e Naomi Porat, da Agência Geológica de Israel, decidiram reexaminar 221 contas achadas no país em oito sítios arqueológicos com idades entre 13 mil e 8.200 anos.
Fósseis humanos e ferramentas de pedra foram estudos extensivamente, dizem elas em artigo na revista "PNAS". Mas as humildes contas de colar nunca foram analisadas em detalhe.
O uso das contas é um comportamento observado apenas no homem moderno. No Oriente Médio, as primeiras contas feitas de pedra datam do período tardio da cultura Natufiana, entre 13 mil e 11,5 mil anos atrás.
Mas seria o achado apenas uma coincidência, atribuída a uma maior disseminação de técnicas de cortar e trabalhar com pedra?
"Vários milhares de anos antes de contas de pedra serem feitas, já havia a produção de pedras de amolar -portanto, a produção de artefatos de pedra não era nada de novo. Na Europa, contas de pedra começam a ser produzidas bem antes", disse Mayer à Folha. "No Oriente Médio, as contas de pedra aparecem no período Natufiano tardio, e o verde é proeminente entre elas".
A cor verde começa aos poucos a predominar, especialmente no momento de transição da caça e da coleta para a agricultura.
Para as pesquisadoras, a cor verde representaria a germinação das plantas e incorporaria o desejo de uma colheita bem sucedida. A associação é baseada em práticas de culturas antigas e contemporâneas, que incluem desde as civilizações da Mesopotâmia e do Egito Antigo até tradições ainda vivas no Oriente Médio ou mesmo dos zulus da África do Sul.


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