São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2011 |
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Projeto de 'pecuária verde' tenta reabilitar município paraense Ex-campeão de desmate, Paragominas adota metas sustentáveis
RODRIGO VARGAS ENVIADO ESPECIAL A PARAGOMINAS (PA) Um município que há cerca de um ano integrava a lista dos maiores desmatadores da Amazônia. Centenas de pecuaristas tidos como ameaças à floresta. Milhares de cabeças de gado pastando em áreas onde havia a mata. Parece difícil imaginar, mas é nesse contexto que um conjunto de iniciativas "verdes" e "sustentáveis" ganha corpo em Paragominas (PA). A ação, apoiada por um fundo ambiental da Vale, se propõe a criar um modelo de pecuária para a Amazônia que combine lucro, baixo impacto e aceitação mundial. A equação é complexa: além da regularização ambiental e fundiária, inclui a recuperação de áreas degradadas, novas técnicas de manejo e aumento da produção sem desmatamento. Hoje, seis fazendas de gado são os pilotos do programa "Pecuária Verde", que tem apoio de pesquisadores da Unesp e da USP. As propriedades somam 6.155 hectares de pastagens, que virarão laboratórios e centros de divulgação de novas práticas. Com o sexto maior rebanho bovino do Pará (350 mil cabeças), Paragominas já abrigou mais de 400 madeireiras. Em 2008, a cidade entrou na lista dos maiores desmatadores da Amazônia, e suas fazendas passaram a sofrer embargos e restrições ao crédito. Naquele ano, segundo a prefeitura, a cidade perdeu mais de 1.600 empregos. A mudança se deu por um plano de monitoramento, diagnóstico e regularização ambiental, o chamado "Município Verde". O programa reduziu a taxa anual de derrubadas para 1,8%, promoveu a adesão de mais de 90% das fazendas ao CAR (Cadastro Ambiental Rural) e, em 2010, levou o município a ser o primeiro excluído da lista "suja" ambiental. "Há 30 anos, quando dizia que criava gado na Amazônia, eu era tratado como um herói", diz o mineiro Pércio Barros de Lima, 55, dono da Rancho Fundo, uma das fazendas do "Pecuária Verde". "Hoje, nem toco no assunto para não ser chamado de bandido", afirma. A reserva legal de sua fazenda receberá o plantio de espécies de valor madeireiro, plantas medicinais e frutíferas, que poderão ser legalmente exploradas no futuro. O repórter RODRIGO VARGAS viajou a Paragominas a convite do Fundo Vale. Texto Anterior: Preconceito acadêmico: Cientista negro tem menos verba nos EUA, afirma estudo Índice | Comunicar Erros |
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