São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2000 |
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ASTRONOMIA Pesquisadores detectam nuvens e precipitação de metano em Titã Lua de Saturno também tem chuva
SALVADOR NOGUEIRA FREE-LANCE PARA A FOLHA A meteorologia indica tempo nublado e chuvas no decorrer do período. Nada demais, não fosse por um detalhe: a previsão do tempo é para Titã, um dos satélites de Saturno. Pesquisadores americanos relatam na revista "Science" de hoje os primeiros indícios de que as chuvas não estão restritas à Terra. A diferença é que em Titã chove metano, o principal componente do gás natural. O estudo foi realizado por um grupo da Universidade do Norte do Arizona. Coletando dados no Telescópio Infravermelho do Reino Unido, localizado no Havaí, eles conseguiram detectar -por meio de análises do espectro da luz proveniente do satélite- a formação e o desaparecimento de nuvens em Titã. A norte-americana Caitlin Griffith, principal autora do estudo, foi criada até os 13 anos no Rio de Janeiro. Apesar de falar português com fluência, ela optou por dar uma entrevista em inglês. "Aprendi a fazer ciência em inglês", justifica. Os resultados são fruto de uma série de pesquisas que já dura dez anos. Embora Titã possua características bem distintas das terrestres, como uma temperatura média de -180C e uma atmosfera mais densa (exercendo uma pressão cerca de 50% maior que a da Terra), sua dinâmica de chuvas é "singularmente parecida com a nossa", diz Griffith. Devido à enorme distância entre o satélite e o Sol, a energia solar que chega ao satélite não é suficiente para alimentar seu ciclo meteorológico, como ocorre na Terra. No caso de Titã, o próprio calor liberado pela condensação de gases na formação de nuvens é a energia que provoca as alterações no tempo. As nuvens de Titã se formam muito mais alto do que as terrestres, em altitudes que variam de 25 km a 27 km. Na Terra, as nuvens trafegam pela atmosfera a no máximo 16 km da superfície. A rápida dissolução das nuvens observada em Titã pelos cientistas dá a entender que chuvas ocorram no local. "É a primeira evidência de chuva encontrada fora do nosso planeta", disse Griffith. Os pesquisadores acreditam que Titã possua oceanos líquidos de metano em sua superfície, mas por enquanto isso não passa de suposição. "A sonda Cassini deve conseguir a confirmação de que de fato há oceanos em Titã", afirmou. A nave, que atualmente está em Júpiter, deve chegar aos arredores de Saturno em 2004. Texto Anterior: Existem mais de 60 vacinas contra Aids em estudo Próximo Texto: Panorâmica: Paraná apreende seis toneladas de sementes de soja geneticamente alterada Índice |
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