|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gordon Brown prevê
"catástrofe" caso Copenhague falhe
Premiê britânico pede a países ricos corte maior
em CO2; americano cobra "vontade" de emergentes
Kirsty Wigglesworth/Associated Press
|
|
Gordon Brown discursa durante reunião em Londres, ontem
DE GENEBRA
Gordon Brown fez ontem um
discurso soturno para pedir
ação urgente e cortes maiores
nas emissões de gases-estufa
sob pena de que o mundo enfrente uma "catástrofe". O premiê britânico também exortou
seus colegas a comparecerem
em dezembro à cúpula do clima
em Copenhague, que deve selar
um novo acordo sobre o tema.
O próprio Reino Unido carece de propostas sobre o financiamento do corte de emissões
nos países mais pobres -uma
das questões-chave de Copenhague-, apesar do chamado
de Brown ontem no Fórum das
Grandes Economias. O grupo
reúne os 17 países responsáveis
por 80% dos gases do efeito estufa (Brasil incluso).
"Temos de progredir especialmente em financiamento",
disse Brown. "Isso requer que
os países desenvolvidos apresentem ofertas e que aqueles
em desenvolvimento apresentem planos e ações, compromissos práticos que ambos temos de fazer e manter."
O premiê afirmou ontem ter
posto em discussão um pacote
de propostas sobre como organizar o financiamento, que poderia chegar a US$ 100 bilhões
anuais em fundos públicos e
privados até 2020.
Emergentes e países desenvolvidos estão em um cabo de
guerra sobre os custos da redução das emissões nos segundos
e a quem cabe o ônus maior.
"Vamos enfrentar restrições
e desafios políticos enormes. E
o primeiro passo -que devemos dar aqui neste fórum- é
reconhecer isso e determinar
que as barreiras precisam ser
superadas", declarou Brown.
O britânico afirmou que será
necessário um corte de emissões maior do que o que aquele
que os países da União Europeia e o Japão já ofereceram
para 2020, que reduziria as
atuais 50 bilhões de toneladas
de gases emitidos para cerca de
48 bilhões. Para Brown, seria
necessário chegar a 44 bilhões.
"Se não alcançarmos um
acordo nos próximos dias [...]
não haverá acordo retrospectivo futuro que desfaça essa escolha [pela inação]", disse o premiê. "Então será irrecuperavelmente tarde demais, e por isso
não podemos perder de vista a
catástrofe que enfrentaremos
se as atuais tendências de aquecimento se mantiverem."
Mas o líder britânico se disse
esperançoso de que o acordo
seja selado, o que contrastou
com o tom geral da reunião.
O representante dos EUA,
Todd Stern, voltou a exortar as
nações emergentes a conterem
suas emissões -estas, por sua
vez, esperam cortes maiores e
dinheiro dos países ricos, que
poluem mais há mais tempo.
Stern afirmou que é "certamente possível" que não saia
acordo nenhum em Copenhague. "O que precisávamos era
que a China, a Índia, o Brasil, a
África do Sul tivessem vontade
para pegar o que já estão fazendo [em termos de proposta],
aumentar um pouco e então
pôr isso em um acordo."
O Brasil ainda não apresentou sua meta oficial, mas o presidente Lula tem dito que ela
seria "ambiciosa" e teria um papel de liderança no combate ao
aquecimento.
(LUCIANA COELHO)
Texto Anterior: Copenhague: Lula quer proposta comum para amazônicos Próximo Texto: Astronomia: Planetas vistos fora do Sistema Solar já são 400 Índice
|