São Paulo, terça, 20 de outubro de 1998

Próximo Texto | Índice

CIÊNCIA
Descoberta pode indicar que terapia surgiu na Europa
"Múmia do gelo' teria marca de acupuntura

da "Reuters"

A múmia encontrada congelada na fronteira entre a Itália e a Áustria, em 1991, pode ser uma evidência de que a acupuntura teve início na Europa e não na China, como se costuma acreditar, anunciaram ontem pesquisadores em Viena, capital da Áustria.
Oetzi, como foi apelidada a múmia, tem no corpo marcas de pontos que pareciam ser tatuagens. Uma análise mais detalhada, porém, indicou que os pontos seriam os mesmos utilizados em tratamentos com acupuntura.
Cientistas envolvidos na descoberta afirmam que esses pontos são utilizados para tratar de problemas de saúde que Oetzi supostamente teria, como artrite aguda e dores nas costas.
"Se esse homem viesse ao meu consultório hoje, eu o trataria usando os mesmos pontos", diz Frank Bahr, presidente da Academia Alemã de Acupuntura, que esteve em Viena para apresentar as conclusões da pesquisa.
Acredita-se que a acupuntura foi inventada pelos chineses por volta do ano 1000 a.C. Oetzi teria sido tratado pelo menos 2.200 anos antes, em 3200 a.C.
"Parece ser uma forma primitiva de acupuntura criada na Europa Central", afirma Bahr.
Apesar desse caráter primitivo, o pesquisador diz que o curandeiro neolítico que teria aplicado o tratamento ao chamado homem de gelo teria conhecimentos terapêuticos muito superiores aos básicos.
"Esses pontos ainda seriam selecionados pelos melhores acupunturistas de hoje. É a combinação mais comum para tratar doenças reumáticas", diz Bahr.
A razão para que a pele de Oetzi estivesse com outras marcas, semelhantes a tatuagens, segundo os cientistas, não é clara. Para eles, as feridas teriam sido esfregadas com carvão para criar um efeito terapêutico mais duradouro ou para indicar aos parentes de Oetzi onde deveriam fazer massagens.
Após seis anos de disputa entre pesquisadores austríacos e italianos pelo corpo mumificado encontrado na fronteira entre seus países, a relíquia foi enviada para a Itália em janeiro deste ano.
O corpo de Oetzi está atualmente em uma câmara de vidro refrigerada no Museu de Arqueologia de Bolzano, cidade localizada na região dos Alpes italianos.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.