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CIÊNCIA
Estudo cria novo filtro para tirar sal da água
MARCELO VALLETTA
da Reportagem Local
Um membrana de material cerâmico capaz de separar moléculas e átomos com cargas elétricas
-e tornar potável a água salina,
por exemplo- pode reduzir custos a longo prazo de procedimentos que usam esse equipamento.
O "superfiltro" é resultado da
tese de doutorado de Léo Ricardo
Bedore, aluno do Departamento
de Físico-Química do Instituto de
Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A tese de Bedore também está
sendo defendida na Escola Nacional Superior de Química de
Montpellier, na França.
"A grande vantagem desse filtro
é que ele é reaproveitável", disse
Celso Santilli, professor do Instituto de Química da Unesp e
orientador brasileiro de Bedore.
Por ser de material cerâmico, o
filtro possuiria maior durabilidade. Em comparação com os filtros
comerciais, feitos à base de polímeros -compostos químicos
formados por grandes aglomerações de moléculas iguais-, a "superpeneira" cerâmica representaria uma vantagem econômica.
Apesar de seu custo inicial ser
maior que o dos filtros comerciais
-cerca de US$ 500 por metro
quadrado, US$ 350 a mais que um
similar polimérico-, a longo
prazo o filtro cerâmico pode ser
mais vantajoso.
"Os filtros cerâmicos podem ter
vida muito longa, talvez algumas
décadas, enquanto os poliméricos
precisam ser trocados a cada seis
meses ou anualmente", disse Santilli.
Os gastos com manutenção e
limpeza também poderiam ser reduzidos no caso de filtro de cerâmica, já que, para desentupi-lo,
bastaria aquecê-lo a uma temperatura de 300C.
Hiperseletividade
O filtro molecular é constituído
de uma fina camada de material
cerâmico -à base de óxido de estanho- depositado sobre tubos
de óxido de alumínio.
Os poros dessa membrana têm
diâmetros de poucos nanômetros
-bilionésimos de metro. Como
comparação, um fio de cabelo
tem a espessura de 10 mil nanômetros.
A superfície da membrana é
carregada eletricamente, ou seja,
além de filtrar moléculas grandes,
ela também consegue repelir átomos de cargas iguais. Cerca de
90% do cloro e do sódio presentes
na água salobra podem ser eliminados dessa maneira.
Se a água a ser filtrada for marinha, com concentrações salinas
muito maiores, essa eficácia cai
para cerca de 40%. Nesse caso, a
água deve passar pelo filtro diversas vezes.
O uso do filtro para tornar potáveis a água salgada gasta cerca de
40% menos de energia, comparado com o método de destilação,
que separa o sal da água por evaporação e condensação.
O testes realizados por Bedore
mostraram que um filtro de 1 m2
poderia dessalinizar cerca de cem
litros de água salobra por hora.
A resistência do material também é ressaltada por Santilli. "Ele
pode aguentar uma pressão até
dez vezes maior que um filtro
convencional", disse.
Segundo ele, membranas desse
tipo também poderiam ser usadas para esterilizar o ar de hospitais, por exemplo.
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