São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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BIOTECNOLOGIA

Lorde defende a técnica só para terapias

Pesquisador britânico quer banir os "caubóis" da clonagem humana

DA REUTERS

Cientistas britânicos estão reivindicando que "caubóis da clonagem" sejam postos fora da lei no mundo todo, em reação ao anúncio de um especialista em fertilidade, no final da semana, de que havia transferido um embrião clonado humano ao útero de uma mulher.
Lorde Robert May, presidente da Sociedade Real (academia de ciências britânica), criticou pesquisadores que estejam tentando clonar seres humanos. Afirma que isso é medicamente inseguro, cientificamente duvidoso e socialmente inaceitável.
Com base em tentativas de clonar primatas, o que tem se mostrado difícil, ele questionou a exeqüibilidade da clonagem humana. "É importante, assim, que cada país introduza legislação eficaz para deter os cowboys da clonagem", afirmou May num artigo para a "Global Agenda", revista oficial do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que começa hoje em Davos, na Suíça.
Seus comentários vieram após o anúncio feito em Londres, no sábado, pelo especialista em fertilidade dos Estados Unidos Panos Zavos, de que menos de duas semanas antes havia transferido um embrião clonado ao útero de uma mulher não-identificada. Pesquisadores britânicos atacaram imediatamente sua afirmação e o desafiaram a apresentar provas científicas do fato.
May enfatizou a distinção entre clonagem terapêutica, na qual células de embriões humanos muito novos são usadas em pesquisa médica, e a clonagem reprodutiva. A terapêutica permitiria que cientistas desenvolvessem tratamentos com células-tronco cultivadas desses embriões para reconstituir tecidos ou órgãos danificados (células-tronco embrionárias podem se transformar em todo tipo de célula do corpo).
"Defensores da clonagem reprodutiva de pessoas parecem mais motivados pela publicidade obtida da realização de tais experimentos, contra a opinião científica e médica avassaladoramente predominante, do que por uma consideração genuína pelo sofrimento das cobaias humanas que tomarão parte neles", disse May.
Zavos, que aguarda resultados de exames para determinar se a mulher engravidou, prometeu prosseguir com o tratamento controverso para fertilidade, se essa primeira tentativa falhar.


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