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BIODIVERSIDADE
Relatório apresentado em Curitiba mostra declínio de 40% das populações de 3.000 espécies nos últimos 25 anos
Humanidade causa nova onda de extinção
REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Para as espécies animais e vegetais da Terra, os últimos 25 anos
viram uma mortandade sem precedentes nos últimos milênios:
nada menos que 40% da população de 3.000 espécies desses seres
vivos sumiu, principalmente graças à ação humana. O dado, que
está num relatório das Nações
Unidas apresentado ontem, deixa
poucas dúvidas de que o planeta
está à beira de uma grande onda
de extinções, tão grave quanto a
que acabou com os dinossauros.
Tal taxa de declínio é só um dos
indicadores preocupantes presentes no GBO 2 (sigla inglesa para Panorama Global da Biodiversidade). O relatório foi lançado
durante a abertura da COP-8, a 8ª
Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, a qual vai até o dia
31 em Curitiba.
O estudo foi apresentado pelo
argelino Ahmed Djoghlaf, secretário-geral da convenção, e pela
ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, logo após a
cerimônia de abertura da COP-8.
Djoghlaf preferiu dar um tom esperançoso ao evento, afirmando
que a convenção nunca esteve tão
próxima de ter seus objetivos práticos implantados, mas os dados
do GBO 2 sugerem que quase tudo ainda está por ser feito.
Dos 15 indicadores usados pela
CBD (como é conhecida a convenção), para avaliar o estado da
biodiversidade no planeta, nada
menos que 13 se encontram em
tendências negativas. Globalmente, fatores
como o número de espécies
ameaçadas, a integridade dos vários ecossistemas do mundo e o
uso sustentável dos recursos andam descendo o ralo, de acordo
com o relatório. Os únicos dois
indicadores que se destacam por
sua tendência positiva nos últimos anos são a quantidade de
áreas protegidas pela legislação
ambiental e a qualidade da água.
Mares desprotegidos
Não que não exista algo com
que se preocupar mesmo entre
esses "bons exemplos". Embora
13% dos ecossistemas do planeta
estejam cobertos por reservas
neste momento, o GBO 2 aponta
que se trata de uma distribuição
irregular, e que quase metade dessas grandes áreas naturais possui
menos de 10% de sua área sob
proteção. No mar, a situação é
ainda mais complicada: só 0,5%
de sua superfície conta com proteção de algum tipo.
O desaparecimento das populações animais está diretamente ligado a outros dois flagelos identificados pelo relatório. Um deles é
a fragmentação de ecossistemas,
na qual áreas virgens são retalhadas até se tornarem uma coleção
de pequenos pedaços incapazes
de sustentar a mesma variedade
de vida que possuíam antes.
O outro é a proliferação de espécies invasoras, trazidas intencional ou acidentalmente pela ação
humana. Por não terem inimigos
naturais nas áreas aonde chegam,
elas se tornam verdadeiras pragas. Estima-se que as espécies invasoras sejam responsáveis por
40% da extinção de espécies animais desde o século 17, quando
registros confiáveis começaram a
ser mantidos.
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