São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000 |
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PALEONTOLOGIA Anatomia indica que animal tinha sangue quente Cientistas descobrem coração em um dinossauro fossilizado
SALVADOR NOGUEIRA free-lance para a Folha Pesquisadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte e do Museu de Ciências Naturais do mesmo Estado dos EUA conseguiram identificar restos de um coração num fóssil de 66 milhões de anos. A descoberta reforça a hipótese de que alguns dinossauros tinham sangue quente. Os restos de "Willo" representam a primeira amostra de tecido interno de um dinossauro já encontrada. O apelido foi dado ao animal fossilizado em homenagem à dona da fazenda de onde foi escavado, em Dakota do Sul (norte dos EUA). "As imagens geradas por computador sugerem que este seja um coração com quatro cavidades e uma única aorta, mais similar ao coração de um mamífero ou de um pássaro do que de um réptil", disse Dale Russell, segundo comunicado da universidade. A complexidade do coração sugere que o animal tinha sistemas circulatórios específicos para o pulmão e para o resto do corpo. Isso aponta para uma taxa mais alta de metabolismo do que a encontrada nos répteis. Um metabolismo mais acelerado está ligado a sangue quente, ou seja, à manutenção da temperatura do corpo por mecanismos internos. Russell diz não conhecer "nenhum animal que tenha um coração com quatro câmaras e uma aorta e, ao mesmo tempo, baixo metabolismo". O pesquisador afirmou por e-mail à Folha que a grande novidade foi "saber que um coração avançado existiu em um dinossauro que não é ancestral direto dos pássaros". As imagens tridimensionais que confirmam a descoberta foram obtidas a partir de tomografias computadorizadas. Não houve observação direta, já que dois terços dos restos do dinossauro ainda estão imersos na rocha. A espécie de Willo ainda não foi identificada, mas Russell acredita que se trate de um Thescelosaurus neglectus. O animal tinha 4 metros de altura e pesava por volta de 300 quilos. O estudo sai hoje na revista norte-americana "Science". Texto Anterior: Brasileira participou de observações Próximo Texto: Medicina: Efeito colateral adia aprovação de droga Índice |
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