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Arcebispo de São Paulo e músico "duelam" no STF
Dom Odilo diz defender a vida; para Vianna, estudo que salva criança é o que vale
Líder católico afirma que
ainda não tem solução para
resolver o problema dos
milhares de embriões que
estão sendo descartados
Alan Marques/Folha Imagem
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Mão de feto humano aparece em telão no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, onde se debateu a pesquisa com células-tronco
DA ENVIADA A BRASÍLIA
Na platéia do auditório lotado onde transcorreu a discussão sobre as células-tronco embrionárias, duas celebridades
se encararam, cada uma de um
lado da polêmica: o novo cardeal arcebispo de São Paulo,
dom Odilo Pedro Scherer, e o
músico Herbert Vianna, dos
Paralamas do Sucesso. "Temos
de defender a vida, mesmo que
à custa de possíveis novos tratamentos", disse dom Odilo. "É
inconcebível jogar fora embriões humanos que poderiam
ser usados", opôs Vianna.
O músico, paraplégico desde
2001, evitou a polêmica sobre o
ponto inicial da vida humana.
Em vez disso, disse que toda
pesquisa vale a pena se a vida de
uma única criança for beneficiada por embriões inviáveis.
"Essa perspectiva coloca em
um plano maior a discussão do
direito à vida", disse.
Já o cardeal Odilo Scherer,
também secretário-geral da
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil), pediu
respeito ao embrião. "Ele não
pode ser colocado à disposição
da pesquisa". O líder católico
disse ser contra o uso de células
embrionárias "ainda que isso
gere novos tratamentos."
A Folha perguntou ao cardeal por que a Igreja defende os
embriões que serão usados na
pesquisa com células-tronco,
mas nada diz em relação às
centenas de embriões excedentes (há fontes científicas que
calculam em até 9.000), produzidos e descartados nas clínicas
de reprodução assistida. Dom
Odilo disse: "Esse é um problema. Decisões erradas não justificam outros erros. Nada justifica matar esses embriões".
O religioso propõe uma regulamentação das técnicas de reprodução assistida e sugere
que embriões congelados hoje
nas clínicas sejam "adotados"
por famílias que queiram filhos
sem poder tê-los. "Atualmente,
ainda não tenho uma solução
exata para isso", afirmou.
O ministro Ayres Britto encerrou a audiência pública com
uma síntese do problema que
cabe ao STF resolver. "Temos
pontos de vista bem fundamentados. Nem sempre você
decide entre o gritantemente
certo e o salientemente errado", diz. "Às vezes, você tem de
decidir entre o certo e o certo;
em outras, entre o certo aparente e o certo aparente."
(LC)
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