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Técnica permite gravar 300 DVDs
em 1
Pesquisadores australianos criam superdisco que grava e lê em 5 dimensões; tecnologia foi licenciada para a Samsung
Assim como CD, máquina lê laser refletido, mas é capaz de separar feixes de luz com polarização e comprimento de onda específicos no leitor
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Daqui a 5 ou 10 anos, uma coleção de 300 DVDs de filmes ou
séries de TV caberá em um único disco do mesmo tamanho.
A possibilidade foi aberta por
um trabalho feito por pesquisadores na Austrália, que mostraram como é possível desenvolver um super-DVD com dados
gravados em cinco em vez de
duas ou três "dimensões".
Isso aumentará a capacidade
do disco de 4,7 gigabytes (a de
um DVD padrão) para até 10 terabytes -2.000 vezes mais.
Tanto os CDs de música
quanto os DVDs com imagens
ou dados são discos ópticos,
que dependem da luz laser para
serem gravados e lidos. Microscópicos buracos e elevações na
superfície do disco armazenam
as informações ao refletirem o
laser de maneira diferente.
Já o super-DVD australiano
incorpora duas novas dimensões, uma baseada no espectro
luminoso -a cor-, outra baseada na polarização, uma espécie de alinhamento no mesmo plano dos raios de luz.
A pesquisa foi feita por Peter
Zijlstra, James Chon e Min Gu,
da Universidade de Tecnologia
Swinburne, de Hawthorn, Austrália, e está descrita na edição
de hoje da revista "Nature".
A novidade foi incorporar
microfilamentos de ouro -ou
nanobastões- na superfície do
disco. As nanopartículas são
"queimadas" pelo laser durante
a gravação e refletem a luz durante a leitura de acordo com
seu formato. Isso permite gravar os dados no mesmo ponto
do disco, em outras camadas.
"Nós fomos capazes de mostrar como material nanoestruturado pode ser incorporado
em um disco para aumentar a
capacidade de armazenamento
sem aumentar o tamanho físico
do disco", declarou o líder da
pesquisa, Min Gu.
"Nós pudemos gravar com
grau zero de polarização. Em
cima disso, gravamos outra camada de informação com 90
graus de polarização, sem que
uma interfira na outra", declarou James Chon.
Os pesquisadores têm um
acordo com a empresa Samsung para desenvolver o super-DVD comercialmente.
O que permite o grande aumento da estocagem de dados é
o modo como eles integram as
cinco "dimensões" em experimentos que envolveram até dez
camadas de armazenamento.
Um dos experimentos usou
dois canais de polarização e
três diferentes comprimentos
de onda. O resultado mostrou
que, num disco óptico do mesmo tamanho de um CD ou
DVD, seria possível armazenar
1,6 TB (terabyte) de informações (isto é, 1.600 gigabytes).
Em 1 TB é possível gravar
300 filmes de longa metragem
ou 250.000 músicas.
E, se for reduzida a espessura
das camadas entre as que registram os dados, o disco poderia
chegar a 7,2 TB - mesma capacidade de armazenamento que
1.531 DVDs comuns.
O novo disco pode facilitar o
armazenamento das pesadas
imagens médicas feitas por ressonância magnética, ou dados
financeiros, de segurança e militares. A maior disponibilidade
de armazenamento também
poderá facilitar a proteção dos
dados pela criptografia.
Se os filamentos forem de
prata em vez de ouro, o custo de
produção poderia ser reduzido
em cem vezes, diz o grupo.
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