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NEUROCIÊNCIA
Exercício físico ajuda a regular apetite, mostra novo estudo
REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE
LINDOIA (SP)
Um motivo novo e mais
sutil para se exercitar quando o excesso de peso se transforma em obesidade: a atividade física faz com que o cérebro envie ao corpo ordens
para comer menos.
"Em geral, acreditava-se
que o exercício faz emagrecer porque o corpo gasta
mais calorias do que consome. Nós estamos mostrando
o outro lado da equação: a
atividade física também faz
com que a ingestão de calorias diminua", diz Eduardo
Ropelle, pesquisador da Unicamp e do Instituto de Obesidade e Diabetes.
O trabalho de Ropelle sobre o tema foi apresentado
ontem, durante a reunião
anual da Fesbe (Federação
das Sociedades de Biologia
Experimental), que acontece
nesta semana em Águas de
Lindoia (SP). Os dados foram
obtidos em laboratório com
ratos e camundongos, mas
trazem, ao menos em tese,
uma nova perspectiva também para pessoas.
A base do trabalho envolve
dados bem conhecidos sobre
a ação de certos hormônios,
como a insulina e a leptina,
sobre o cérebro. São esses sinalizadores químicos que dizem ao organismo quando é
hora de parar de comer.
"Em animais obesos, submetidos a uma dieta rica em
gordura, os hormônios perdem essa capacidade de regular o apetite ", explica Ropelle. A obesidade envolveria
um círculo vicioso comportamental: quanto mais se come, mais se quer comer.
O pesquisador e seus colegas submeteram esses roedores a uma única sessão de
atividade física intensa.
A malhação fez com que a
sinalização do apetite no cérebro dos bichos voltasse a
níveis normais. "O efeito dura de 12 a 16 horas", diz ele.
Os resultados foram submetidos à revista científica "Nature Neuroscience".
Para Ropelle, o exercício
físico pode ser benéfico para
o apetite dos obesos. "Deve
haver uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar
tanto o acúmulo excessivo de
energia quanto o gasto excessivo. A dieta moderna fez
a gente perder isso", avalia.
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