São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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ET fez pirâmides, dizem alunos dos EUA

Entre 10 mil universitários, só 35% discordaram da afirmação; analfabetismo científico preocupa pesquisadores

Para 40%, antibióticos matam tanto os vírus quanto as bactérias; pior desempenho é dos alunos de pedagogia

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Após ouvir cerca de 10 mil alunos de graduação nos EUA, pesquisadores descobriram que só 35% discordavam da ideia de que ETs teriam visitado civilizações antigas da Terra e ajudado a construir monumentos como as pirâmides do Egito.
Poucos se manifestaram contra outras teses sem base, como o suposto status de ciência da astrologia (não confundir com a astronomia) e a ideia de que existem números da sorte -22% e 40%, respectivamente.
Além disso, mais de 40% disseram que antibióticos matam tanto vírus quanto bactérias -na verdade, só as bactérias são vulneráveis a esse tipo de medicamento.
Para o autor do estudo americano, o astrônomo Chris Impey, os números refletem um problema do país: os alunos de ensino médio não precisam fazer cursos de ciência. A maioria estuda biologia, mas menos de metade tem aulas de química e só um quarto estuda física.
"O ensino médio americano é forte em história, conhecimentos gerais, esportes, computação, mas bastante fraco mesmo em ciências", diz Renato Sabbatini, biomédico e educador da Unicamp.
"Mas as perguntas que fizeram são hiperelementares, um adolescente minimamente informado que assista televisão saberia responder."
Preocupante, diz Impey, é que o pior desempenho foi justamente o dos alunos de cursos na área da educação.
Não há números parecidos que indiquem qual a realidade brasileira. Embora aulas de ciência sejam obrigatórias no ensino médio por aqui, a baixa qualidade do ensino não garante muita coisa.
Conspirando contra a compreensão científica no país, diz Sabbatini, há o fato de que cerca de 70% dos brasileiros só conseguem ler textos curtos e tirar informações esparsas deles. "Têm letramento insuficiente. É impossível serem bem informados sobre a ciência moderna."
Tal analfabetismo, diz Impey, não deixa de ser um problema político: "Esses conhecimentos são importantes para avaliar posições políticas sobre mudança climática ou células-tronco".


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