São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Brasil sofrerá mais com clima, diz estudo

Modelo também põe Mediterrâneo e Oeste dos EUA entre áreas mais vulneráveis a aquecimento global

Will Burgess/Reuters
Represa na Austrália, país que sofre sua pior seca em cem anos


DA ASSOCIATED PRESS

O Brasil, o Mediterrâneo e o oeste dos Estados Unidos estão entre as regiões que mais vão sofrer as conseqüências do aquecimento global, indica uma nova projeção que prevê secas prolongadas, chuvas intensas e ondas de calor mais longas nas próximas décadas. O estudo, feito pelo Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA, prevê também fenômenos contrastantes, como quedas drásticas de temperatura e uma maior temporada de crescimento vegetal.
O documento divulgado ontem é uma prévia de um relatório plurianual sobre mudança climática que sai no ano que vem. O estudo traz o resultado das previsões de modelos climáticos que foram processados por nove dos computadores mais potentes do mundo, e mostra as conseqüências mais acentuadas, dentro de uma gama de possibilidades.
"Serão tempos difíceis, sobretudo para algumas regiões específicas", diz Claudia Tebaldi, autora principal do documento ao lado de Gerald Meehl, especialista em modelagem climática. As regiões que eles destacam são aquelas sob maior risco de sofrer as conseqüências extremas no espectro de previsões dos modelos.
Alguns lugares, como o noroeste do Pacífico, devem sofrer com uma praga dupla: secas longas pontuadas por chuvas intensas. Com o mundo mais quente, haverá mais chuva no Pacífico tropical, o que mudaria o fluxo de ar em algumas áreas de maneira semelhante à que ocorre no El Niño, mas atingindo mais áreas.
Segundo os cientistas, no Mediterrâneo, a tendência a ficar no extremo das mudanças deriva do fato de as chuvas no Atlântico tropical mudarem as correntes de ar.
O levantamento dos cientistas sai na edição de dezembro do periódico científico "Climatic Change". Segundo Tebaldi e Meehl, o trabalho fornece "evidências mais fortes e mais convincentes de que a possibilidade de essas mudanças extremas acontecerem é maior".
A projeção usou dados sobre dez índices consensuais de medição climática -cinco lidam com temperatura e outros cinco com precipitação- e usaram-nos para rodar os modelos de computador simulando o clima do planeta até 2099. Tebaldi diz que os resultados mais assustadores são os relacionados a ondas de calor. Tudo a respeito delas -intensidade, duração e ocorrência- piora. Outra mudança importante será na intensidade das chuvas. "Quando chover, vai chover mais, mesmo que a freqüência de chuvas não aumente", diz Tebaldi.


Leia o estudo completo (em inglês) www.cgd.ucar.edu/ccr/publications/ klu_multimodel_extremes_revised.pdf

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