|
Próximo Texto | Índice
Primeira estrela foi morta por buraco negro, diz físico
Evento no Universo primordial deu origem a centros de galáxias supermaciços
Grupo de cientistas simulou aglomeração de partículas a partir do caldo de matéria e de energia que formava o cosmo logo após o Big Bang
DA "NEW SCIENTIST"
Enxames de pequenos buracos negros criados logo após o
Big Bang podem ter matado as
primeiras estrelas da história
do Universo, devorando-as de
dentro para fora. Essa é a hipótese lançada por cientistas para
explicar a origem dos buracos
negros colossais que existem
nos centros de galáxias. Eles seriam subproduto da morte das
primeiras estrelas, afirma o
grupo do físico Cosimo Bambi,
da Universidade de Tóquio.
Buracos negros são pontos
de matéria concentrada capazes de "engolir" toda a matéria
e luz em seu entorno, usando a
força da gravidade. Já há algum
tempo que físicos especulam
sobre miniburacos negros surgidos no caldo de matéria e
energia que compunha os primeiros momentos da existência do Universo.
Se isso ocorreu, diz Bambi,
eles podem hoje ser parte da
chamada matéria escura, a entidade misteriosa que compõe a
maior parte da massa presente
no Universo hoje. Como ela é
invisível, não emite luz nem nenhum outro tipo de radiação,
ninguém sabe bem o que ela é.
A hipótese remonta ao início
do Universo, que tem 13,7 bilhões de anos de idade. Acredita-se que as primeiras estrelas
tenham se formado cerca de
200 milhões de anos após o Big
Bang, nos aglomerados mais
densos de matéria escura. Era
mais provável que estrelas começassem a queimar ali porque
a gravidade já teria agrupado o
gás necessário para formá-las.
Bambi calculou então o que
poderia acontecer se a matéria
escura fosse composta de inúmeros buracos negros primordiais microscópicos. Para tal,
postulou que cada buraco negro tivesse a massa de um planeta-anão -da ordem de um
centésimo do peso da Lua. Observações anteriores descartaram que buracos mais maciços
que isso possam ser a matéria
escura. Outros muito mais leves, em contrapartida, teriam
evaporado rapidamente por
causa de efeitos quânticos.
Uma massa de gás capaz de
formar uma estrela surgindo
em um aglomerado de matéria
escura com essas características conteria cerca de um milhão desses buracos negros
misturados à matéria comum,
estima Bambi. Sua grande densidade faria os buracos afundarem rapidamente até o centro
das estrelas e se fundirem.
O buraco negro resultante
consumiria a estrela em 1 milhão de anos, adquirindo uma
massa de até mil vezes a do Sol.
Esses buracos negros podem
ter crescido depois ao sugar
mais gás. Hoje eles seriam os
monstros hipermaciços dos
centros de galáxias, com bilhões de vezes a massa do Sol.
Exército esgotado
Por que então não vemos isso
acontecer no Universo atual? A
diferença é que a maioria das
estrelas agora se forma fora dos
centros galácticos. Hoje, buracos negros do tipo primordial
devem ser muito mais raros, e
por isso é difícil que haja uma
colisão de um deles com estrelas em estágio embrionário.
A idéia é intrigante, diz Mitchell Begelman, da Universidade do Colorado, que não participou do estudo. Para ele, porém, é mais provável que buracos negros nos centros galácticos sejam tenham iniciado com
massa de milhões de vezes à do
Sol, formados pelo colapso de
nuvens de gás. "Seria mais fácil
que buracos negros realmente
grandes crescessem rapidamente se fossem iniciados com
uma "semente" grande", diz.
Próximo Texto: +Marcelo Gleiser: O dia em que a Terra parou Índice
|