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ESPAÇO
Programa espacial brasileiro negocia colaboração com russos e ucranianos no lançador, afirma ministro da Defesa
Governo vai reativar projeto VLS neste ano
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro vai reativar
ainda neste ano o programa do
VLS (Veículo Lançador de Satélites), parado desde a explosão do
foguete no Centro de Lançamento de Alcântara (MA) que matou
21 técnicos que preparavam seu
lançamento, em 22 de agosto do
ano passado.
A informação é do ministro da
Defesa, José Viegas. Segundo Viegas, o programa será retomado de
onde parou, mas com uma diferença importante: será adicionada tecnologia estrangeira ao VLS.
"As conversas estão avançadas
com a Rússia e a Ucrânia", disse
Viegas, referindo-se aos principais fabricantes de foguetes fora
do eixo EUA-União Européia.
Diferentemente do que se chegou a especular, Viegas afirma
que não haverá compra de um
lançador pronto. "Será aplicada
tecnologia já existente ao projeto
brasileiro, sobre o nosso foguete
como está", disse.
Não haverá tampouco uma mudança mais profunda na concepção do VLS, como a substituição
do combustível sólido pelo líquido -tecnologia mais complexa e
eficiente para a inserção precisa
de satélites em órbita.
Rumo incerto
Os termos do eventual acordo
com russos ou ucranianos não estão fechados. Segundo a Folha
apurou, o Ministério da Ciência e
Tecnologia havia discutido o tema mais a fundo com a Ucrânia.
Já um acordo com Moscou é visto
com bons olhos na Defesa, por estar encaixado em uma pauta mais
ampla de negociações.
A ampliação do mercado de
carne para o Brasil está sendo discutida justamente nesta semana,
na Rússia, pelos ministros Luiz
Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
Além disso, os russos querem
fornecer o novo caça da Força Aérea Brasileira, um negócio de US$
700 milhões que se desenrola há
quase três anos e deve estar fechado no máximo em dois meses.
Uma comissão deverá analisar o
relatório técnico da FAB, que leva
em conta o avião em si e as contrapartidas tecnológicas e comerciais da proposta.
O concorrente Sukhoi-35, primeiro colocado na avaliação técnica da FAB, disputa a preferência
com o Mirage-2000BR, da empresa francesa Dassault. O russo é associado à brasileira Avibrás; o
francês, à Embraer.
Relatório de Alcântara
Viegas confirmou que o relatório final sobre o acidente de Alcântara deverá estar pronto até o
final desta semana, como havia
adiantado ontem a Folha, mas
não se comprometeu com uma
data para sua divulgação.
O texto vai especificar o ignitor
do VLS como a origem do incêndio, mas não o que teria provocado a indução de corrente elétrica
que o disparou.
"A sindicância não apontará
uma causa específica para o acidente, mas sim um conjunto de
fatores sobre os quais poderemos
trabalhar para evitar problemas
no futuro", afirmou. Para Viegas,
o relatório não poderá culpar ninguém pelas mortes. "Vamos
aprender com a adversidade."
A sindicância também deve
descartar de vez a hipótese de sabotagem. Para o ministro Viegas,
a possibilidade foi estudada e
"não se justifica".
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