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Família domina pesquisas há três gerações
DA REPORTAGEM LOCAL
A árvore genealógica da espécie
humana se confunde com a da família Leakey, à qual pertencem
Meave e Louise, co-descobridoras
do novo fóssil. O clã, que domina
a paleoantropologia (estudo dos
ancestrais do homem) na África
desde a década de 30, achou e descreveu o maior número de novas
espécies de hominídeos.
Seu patriarca, o queniano Louis
Leakey (1903-1972), foi o descobridor do célebre sítio da garganta
de Olduvai, na Tanzânia, em 1931.
Lá foram achados restos de várias
espécies de hominídeos, como o
Paranthropus boisei e o Homo
habilis -ancestral direto do homem moderno.
Este último, aliás, foi desenterrado por sua mulher, Mary, e por
seu filho Jonathan em 1960, no
mesmo sítio. Mary, uma inglesa
apaixonada pela África, tomou a
frente das escavações em Olduvai
na década de 60. Em 1978, sobrepujou a fama acadêmica do marido ao descobrir pegadas fossilizadas de hominídeos em Laetoli,
também na Tanzânia.
O caçula do casal, Richard, tentou se livrar da sina científica dos
pais e saiu da escola para virar
guia de safáris fotográficos. Só
que, em 1963, acabou esbarrando
por acaso numa mandíbula de
australopiteco. E voltou às escavações no Quênia.
Em 1967, Richard Leakey descobriu o sítio de Koobi Fora, no lago
Turkana, de onde saíram fósseis
importantes de Homo habilis e
uma nova espécie, o Homo rudolfensis. Seu livro "O Povo do Lago", de 1978, foi o primeiro a propor que várias espécies de australopitecos conviveram na África
ao mesmo tempo, cerca de 3,5
milhões de anos atrás.
Richard, que se tornaria ministro da Vida Selvagem do Quênia,
casou-se com uma galesa, Meave,
que também acabou herdando o
que os paleontólogos chamam de
"Leakey luck" (a sorte dos Leakey). Em 1994, ela encontrou fósseis de uma nova espécie de australopiteco, o Australopithecus
anamensis, considerado o ancestral mais antigo do homem descoberto até o momento.
O Kenyanthropus, publicado
hoje na "Nature", é a estréia da filha mais velha dos Leakey, Louise,
de 28 anos. "Trabalhar nessa área
é mais um interesse permanente
que uma obrigação familiar", disse à Folha a caçula Samira Leakey,
26, única herdeira do casal que
não é antropóloga (embora tenha
seguido a carreira política, a segunda paixão do pai). "Mas está
virando uma tradição que já dura
três gerações." (CA)
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