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COSMOLOGIA
Estudo feito por americanos foi apresentado em conferência no Rio
Pesquisa confirma energia escura
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Comparando uma imagem do
Universo quando era bebê com
uma que mostra seu estado atual,
cientistas americanos concluíram
que há mesmo uma forma de
energia desconhecida acelerando
o ritmo de expansão do cosmos.
O estudo foi feito usando dados
de um novo satélite da Nasa
(agência espacial americana), o
WMAP, e de uma vasta pesquisa
de até um quarto do céu visível, a
Sloan Digital Sky Survey. Correlacionando as informações provenientes dessas duas fontes, os astrônomos conseguiram encontrar o que definiram como a "assinatura" da energia escura -uma
entidade misteriosa que ninguém
sabe o que é, mas seria responsável pela aceleração da expansão
cósmica. As conclusões foram
apresentadas ontem no CBPF
(Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas), no Rio de Janeiro.
É lá que ocorre a 10ª Reunião
Marcel Grossman de Relatividade
Geral, um dos mais importantes
eventos mundiais sobre cosmologia e gravitação, pela primeira vez
realizado no Brasil. Ryan Scranton, da Universidade de Pittsburgh, EUA, fez sua apresentação
pela manhã, e os resultados foram
distribuídos pela internet. Um artigo sobre o assunto já foi submetido à revista científica "Physical
Review Letters" (prl.aps.org).
A maioria dos pesquisadores
hoje acredita que o Universo começou com num único ponto infinitamente denso e energético e,
após uma grande explosão (o Big
Bang), se diluiu para formar o
cosmos como ele é visto hoje.
Pelos modelos cosmológicos
tradicionais, a expansão do Universo seria única e exclusivamente alimentada por essa explosão
inicial, mas seu ritmo seria reduzido pela atração entre as galáxias
gerada pelas forças gravitacionais.
Mas o que os pesquisadores descobriram recentemente, estudando explosões de estrelas localizadas a bilhões de anos-luz daqui, é
que o cosmos na verdade está acelerando seu ritmo de expansão
-o que exige alguma outra forma energética, diferente da gravidade, para que tudo faça sentido.
É aí que entra a energia escura.
Os novos resultados confirmam, por outra via, que a energia
escura deve mesmo estar lá, e que
os estudiosos das explosões estelares não estavam malucos. Agora
falta só achar o melhor modelo
cosmológico que consiga explicar
como funciona e o que é essa misteriosa energia que compõe até
70% de tudo que existe no Universo -tarefa nada trivial.
"Nos últimos cinco anos percebemos que há algo errado com
nossos modelos cosmológicos",
diz Bob Nichol, da Universidade
Carnegie Mellon, colega de Scranton no estudo. "Esperamos que
esse e nossos futuros resultados
ajudem a esclarecer o mistério."
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