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OPINIÃO
O impacto de perder os movimentos pode fomentar buscas desesperadas
JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA
Que me desculpem os
crentes, mas para tratamentos que usam célula-tronco
para recuperar lesões medulares, sou pior que São Tomé,
só vou acreditar vendo o ser
humano avariado andando
ou fazendo movimentos de
kung-fu, tai chi chuan.
Até agora, os casos que conheço de busca de milagres
na China ou na Conchinchina conseguiram "melhorias"
que os ótimos centros de reabilitação no Brasil também
promovem, e de graça, sem
agulhadas e risco de morte.
O impacto de perder os
movimentos, claro, pode fomentar buscas desesperadas
pelo tratamento alternativo,
por salvações com base no
"ouvi falar que funciona".
Acontece que o ônus por
trás de apostar em algo escondido em laboratórios de
professores pardais ou "xing
lings" pode ser cruel.
Famílias endividadas, depressão pela falta de resultados e falta de estímulo para
retomar a nova realidade
com a deficiência são sintomas comuns e lamentáveis.
A ciência certamente
avança, mas a seu tempo. No
nosso tempo, das pessoas
com deficiência motora, por
enquanto, a saída é a recuperação possível, a adaptação e
o rearranjo da realidade.
O autor é cadeirante
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