São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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OPINIÃO

O impacto de perder os movimentos pode fomentar buscas desesperadas

JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA

Que me desculpem os crentes, mas para tratamentos que usam célula-tronco para recuperar lesões medulares, sou pior que São Tomé, só vou acreditar vendo o ser humano avariado andando ou fazendo movimentos de kung-fu, tai chi chuan.
Até agora, os casos que conheço de busca de milagres na China ou na Conchinchina conseguiram "melhorias" que os ótimos centros de reabilitação no Brasil também promovem, e de graça, sem agulhadas e risco de morte.
O impacto de perder os movimentos, claro, pode fomentar buscas desesperadas pelo tratamento alternativo, por salvações com base no "ouvi falar que funciona".
Acontece que o ônus por trás de apostar em algo escondido em laboratórios de professores pardais ou "xing lings" pode ser cruel.
Famílias endividadas, depressão pela falta de resultados e falta de estímulo para retomar a nova realidade com a deficiência são sintomas comuns e lamentáveis.
A ciência certamente avança, mas a seu tempo. No nosso tempo, das pessoas com deficiência motora, por enquanto, a saída é a recuperação possível, a adaptação e o rearranjo da realidade.


O autor é cadeirante


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