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Amazônia perde 29 áreas protegidas
Entre 2008 e 2009, 49 mil km2 foram retirados das áreas de conservação sem consulta pública e estudo técnico
Área equivale ao Rio Grande do Norte; o Estado mais desmatado da região, Rondônia, é o campeão de redução
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Por pressão de madeireiros, fazendeiros, mineradores ou do próprio governo, 29
áreas protegidas na Amazônia foram reduzidas ou extintas entre 2008 e 2009.
O total de florestas perdidas no processo foi de 49 mil
km2, quase um Rio Grande do
Norte. As reduções ocorreram sem consultas públicas
ou estudos técnicos, como
manda a lei.
Os dados são de um estudo
inédito do Imazon (Instituto
do Homem e Meio Ambiente
da Amazônia), a ser publicado amanhã na internet
(www.imazon.org.br).
Os pesquisadores Elis
Araújo e Paulo Barreto levantaram 37 iniciativas entre novembro de 2008 a novembro
de 2009 para reduzir 48 unidades de conservação ou terras indígenas na Amazônia.
Até julho deste ano, 23 propostas haviam sido concluídas -93% delas resultaram
em perda de área na unidade
de conservação.
O Estado de Rondônia, o
mais desmatado da Amazônia, é o campeão: reduziu
duas unidades de conservação estaduais e extinguiu
dez, além de ter negociado
com o governo a redução da
Floresta Nacional Bom Futuro, unidade federal.
"Como eles perderam um
terço da cobertura florestal, o
que sobrou são áreas protegidas", diz Araújo. "A indústria
madeireira lá ainda é forte.
As unidades de conservação
sofrem muita pressão."
O instrumento usado pelo
governo do Estado para acabar com as áreas protegidas
foi próprio zoneamento ecológico-econômico do Estado,
lei que disciplina a ocupação
das terras. As unidades de
conservação nas zonas de intensificação da produção foram consideradas extintas.
A Folha procurou a secretaria do Meio Ambiente de
Rondônia por toda a sexta-feira, mas não foi atendida.
Outro caso foi o do Parque
Estadual do Xingu, em Mato
Grosso. Ele foi reduzido com
o apoio da população de Vitória do Xingu para dar lugar
a um empreendimento agropecuário, que não veio.
"E a cidade ainda perdeu o
repasse do Arpa [programa
federal que dá dinheiro a regiões com unidades de conservação]", diz Araújo.
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