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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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BIOTECNOLOGIA

Academias de ciência pedem banimento da técnica para reprodução, mas defendem uso de células embrionárias

Manifesto pressiona ONU por clonagem

Li Gang-01.abr.2002/Associated Press-Xinhua
Técnico se aproxima de cápsula Shenzhou-3, após pouso de missão não-tripulada na Mongólia


DA REDAÇÃO

Sociedades científicas do mundo inteiro, entre elas a Academia Brasileira de Ciências (ABC), lançam hoje um manifesto que recomenda o banimento da clonagem de seres humanos. As 63 entidades pedem, porém, que seja permitida a chamada clonagem terapêutica, usada na pesquisa de tratamentos para doenças degenerativas, como o mal de Parkinson.
O primeiro tipo de técnica, chamado de clonagem reprodutiva, é o mesmo empregado para produzir a ovelha Dolly. Tira-se o núcleo de um óvulo, que é fundido com o núcleo de uma célula de animal adulto, resultando num embrião com genes idênticos ao do doador da célula madura.
O documento é uma tentativa de barrar a proibição simultânea da clonagem terapêutica. Isso poderá ocorrer a partir do dia 29, quando se reúne a Comissão sobre Clonagem da ONU.
Em comum com a reprodutiva, a clonagem terapêuticas tem apenas a técnica de transferência de núcleo. O embrião obtido não passa da fase de blastocisto, a bola de uma centena de células que se desenvolve até o quinto ou sexto dia depois da fusão celular.
O embrião é então desfeito para a retirada de células-tronco, que têm a capacidade de se diferenciar em centenas de outros tipos de célula (daí sua utilidade na pesquisa de terapias). Não há implantação do embrião no útero.
"Existe muita desinformação", queixa-se Mayana Zatz, da USP, integrante da ABC que participou da preparação do manifesto. "As pessoas acham que vai matar fetinhos, quando não é nada disso."
Zatz batalha também para que seja permitida, no Brasil, a pesquisa com células-tronco. A Lei de Biossegurança, de 1995, impede que embriões humanos sejam usados como material biológico.
Ela diz que já seria bom poder usar embriões congelados das clínicas de fertilização assistida, que têm só 3% a 4% de chance de se transformar num bebê, se inseridos no útero.
"Na verdade se está lidando com um potencial de vida muito baixo. É muito diferente de uma criança com doença degenerativa que está morrendo."


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