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Descobridor do HIV quer testar vacina em humano
Robert Gallo diz que imunização preventiva foi testada com sucesso em macacos
Teste inicial foi feito só com
quatro animais e está sendo
repetido em 12; cientista
americano diz que fase 1
pode começar em um ano
JEREMY LAURANCE
PAUL VALLELY
DO "INDEPENDENT"
O cientista americano considerado co-descobridor do vírus
da Aids declarou ontem ter desenvolvido uma vacina contra a
doença que já matou mais de 25
milhões de pessoas.
O último teste da nova vacina
foi feito apenas em quatro macacos. Mas Robert Gallo, que
em 1984 identificou o vírus
HIV como causador da Aids,
juntamente com o francês Luc
Montagnier, disse que a descoberta lhe deu mais esperança
de que a doença possa ser derrotada do que ele já sentiu em
uma década. O teste está sendo
ampliado agora para 12 macacos. Se funcionar, os testes em
humanos podem começar em
um ano, afirmou o cientista.
Quase 40 milhões de pessoas
vivem hoje com o HIV, a maioria na África subsaariana. Uma
vacina que interrompa a disseminação do vírus é um sonho
que já consumiu 20 anos e vários milhões de dólares - até
agora, tudo em vão.
Há algumas vacinas promissoras em teste, mas elas são terapêuticas: servem para conter
o vírus após a infecção. Uma
delas, que aumenta a resposta
imune dos pacientes, foi co-desenvolvida por pesquisadores
da Universidade Federal de
Pernambuco e da Universidade
de Paris, e funcionou em testes
iniciais com seres humanos.
Gallo, que dirige o Instituto
de Virologia Humana da Universidade de Maryland, EUA,
diz que seu grupo de pesquisas
criou anticorpos que funcionaram contra um grande número
de linhagens de HIV, um passo
essencial para uma vacina preventiva -mas que até agora se
havia mostrado difícil de obter,
pois o HIV sofre mutações com
extrema facilidade, integra-se
no genoma do paciente e ataca
as próprias células do sistema
imunológico encarregadas de
combater invasores.
"Sim, estamos num estágio
preliminar, mas se dez anos
atrás eu soubesse que poderia
fazer anticorpos que neutralizariam uma ampla gama de variantes do HIV, eu teria comemorado", afirmou.
"As pessoas achavam que isso fosse impossível. É um avanço clínico importante. Não sei
qual será o resultado do último
teste clínico [com 12 macacos],
mas meu palpite é que partiremos para os testes clínicos de
fase 1 [em humanos] em um
ano", continuou.
Gallo disse que a abordagem
usada por seu grupo foi modificar o envelope protetor do vírus, abrindo um sítio e fazendo
anticorpos que o impedem de
entrar nas células. O primeiro
problema a contornar é o fato
de os anticorpos só durarem
três meses no máximo, o que
implicaria em quatro imunizações por ano.
"Eu me sinto otimista, mas
não quero parecer Poliana. O
HIV sempre nos preparou surpresas", disse Gallo.
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