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Escorpião de 2,5 m assombrava costa há 390 milhões de anos
Fóssil de uma garra de artrópode achado no sudoeste da Alemanha tem 46 cm; animal gigante habitava estuários
Tamanho excessivo, no entanto, pode ter levado a linhagem dos grandes artrópodes aquáticos a um beco sem saída evolutivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Se Jacques Cousteau tivesse
inventado o mergulho moderno há 390 milhões de anos e
não só há 60 anos, teria sido
uma experiência e tanto mergulhar do Período Devoniano.
Um fóssil de um escorpião-do-mar gigante apresentado ontem por dois pesquisadores europeus e um americano reforça
o que já se sabia do ponto de
vista teórico: aquelas eram
águas de bichos grandes.
O fóssil, na verdade, é apenas
o de uma garra do artrópode.
Mas como ela tinha 46 cm, foi
possível calcular o tamanho total do invertebrado. O escorpião tinha 2,5 metros de comprimento aproximadamente, o
que daria um grande frio na espinha de qualquer mergulhador. E ele não deveria ser o único ser gigante da sua época.
"Essa é uma descoberta surpreendente. Nós já sabíamos,
com base em outros fósseis, do
tamanho daqueles monstros,
mas nunca havíamos nos dado
conta, até agora, do quanto
aquelas criaturas eram realmente grandes", explica Simon
Braddy, da Universidade de
Bristol, Reino Unido, um dos
autores do estudo.
A garra do escorpião-do-mar,
da espécie Jaekelopterus rhenaniae -carinhosamente apelidado Jake-, foi descoberta em
escavações feitas na cidade de
Prüm, no sudoeste alemão,
próximo às fronteiras com a
Bélgica e com Luxemburgo.
Apesar do nome, é mais provável que o bicho habitasse os estuários do Devoniano, zonas
costeiras rasas.
O achado coube ao paleontólogo alemão Markus Poschmann, do Museu de História
Natural de Mainz. "Depois de
limpar umas rochas, eu pude
identificar que uma delas era
um pequeno fragmento de uma
garra", explica. Os pedaços da
garra tiveram que ser colados
para ficarem juntos.
Mesmo com o fóssil em
mãos, falta explicar agora como
aqueles verdadeiros monstros
marinhos, que dariam inveja a
qualquer cartunista de ficção
científica, conseguiam atingir
tamanhos excepcionais.
Algumas hipóteses, entretanto, já existem.
"Não existe uma explicação
simples", disse Braddy. "O mais
plausível é que alguns artrópodes daquele tempo eram grandes porque existia pouca competição com os vertebrados",
explica o pesquisador da Universidade de Bristol.
Para ele, a tese de que as dimensões exageradas do animal
se deviam ao fato de que havia
muito mais oxigênio no ar há
390 milhões de anos não é necessariamente uma explicação
viável. "Isso explicaria algo se
todas as espécies tivessem ficado grandes também."
Exagero improdutivo
Os escorpiões-do-mar pertencem ao grupo dos euripterídeos, já extinto. Os aracnídeos
atuais (como os escorpiões terrestres) teriam surgido depois
desses monstros marinhos.
Os paleontólogos, em sua
maioria, teorizam que o gigantismo acabou sendo improdutivo para esses seres marinhos.
Os grandes escorpiões não conseguiram migrar para a terra e
começar uma nova vida no fim
do Devoniano, quando os animais começaram a invadir a
terra. A linhagem teria entrado
num beco sem saída evolutivo.
Os animais menores e mais
versáteis é que teriam conseguido chegar ao ambiente terrestre e, então, evoluir na direção dos artrópodes atuais -o
que deixou os mergulhos amadores menos divertidos.
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