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Grupo testa vacina adesiva contra mal de Alzheimer
Experimento tem como objetivo reduzir perda de memória em camundongos
Mais seguro, segundo os
cientistas, o novo método é
uma boa alternativa à
injeção convencional, que
teve problemas em testes
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O tratamento da perda da
memória induzida pelo mal de
Alzheimer poderá começar a
ser feito pela pele -pelo menos
em camundongos.
Um estudo publicado na edição de hoje da revista científica
"PNAS" (www.pnas.org)
mostra que pesquisadores da
Universidade do Sul da Flórida
(Estados Unidos) obtiveram
resultados significativos com
uma espécie de vacina aplicada
à pele por meio de um adesivo,
como nos medicamentos para
parar de fumar.
"As vacinas convencionais
que estão sendo testadas não
são idênticas às usadas para infecções. Em vez de uma ou
duas doses, será preciso tomar
várias injeções para o resto da
vida para que algum grau de
proteção ocorra", explica Jun
Tan, um dos autores do trabalho norte-americano.
Nesse caso, o medicamento é
injetado diretamente na veia,
sem ser absorvido pela pele.
Segundo o pesquisador, por
ser muito simples e pouco invasiva é que a técnica do adesivo cutâneo foi pensada por ele
e seus colaboradores como
uma opção viável.
"Já vimos que existe um potencial promissor para essa
técnica, que poderá transformar-se em uma terapia eficiente contra o Alzheimer", explica.
O caminho convencional,
também em estudo, sofreu um
duro golpe recentemente.
Depois de passar com sucesso pela fase de testes no laboratório, o medicamento chegou a
ser aplicado em humanos. Estudos publicados em 2003 e
2005 mostraram que, em 6%
dos pacientes testados, a vacina
causou inflamação cerebrais
sérias. Alguns pacientes morreram por causa disso.
"Esse foi um efeito secundário da reação auto-imune. As
células do próprio corpo atacaram de forma agressiva as proteínas produzidas pelo organismo", explica Tan.
Apesar dos efeitos indesejados, os estudos continuaram.
No mesmo grupo que recebeu
as doses, alguns pacientes não
sofreram com os efeitos adversos e ainda tiveram melhora
em seus níveis de inflamação.
Um grupo de pesquisa europeu, por exemplo, que usa um
mecanismo convencional um
pouco diferente do utilizado no
passado (para tentar fugir das
respostas auto-imunes), anunciou no início do mês que vai
iniciar em três anos os testes
em humanos de uma vacina
contra o Alzheimer.
No caso da pele, explica Tan,
as células presentes nesse órgão -o maior do corpo humano- não geram os mesmos
efeitos colaterais já observados. "Muito pelo contrário. Ela
até ajuda o processo a surtir
efeito", afirma.
Proteína destruidora
Os pesquisadores já sabem
que o Alzheimer é provocado
pelo acúmulo excessivo da proteína beta-amilóide. Essa molécula forma placas no cérebro,
ocasionando inflamações que
acabam por destruir os neurônios que estavam sadios. É exatamente contra ela que a vacina
deverá atuar.
Os cientistas, por enquanto,
preferem a cautela quando o
assunto é passar para a próxima fase da pesquisa.
"Nós esperamos que os próximos experimentos, que serão
feitos em camundongos, consigam reduzir a perda de memória induzida pelo Alzheimer,
como também, que as placas
"senis" sejam reduzidas."
Segundo Tan, se tudo ocorrer
bem e a próxima fase também
for um sucesso, é que os próximos passos [os testes em humanos] serão pensados.
Como mirar o futuro também é uma mania dos cientistas, o pesquisador radicado na
Flórida deixou escapar um pequeno otimismo. "Além do adesivo, talvez seja possível até
pensar em alguma substância
tópica [uma pomada ou gel, por
exemplo] para ser aplicada sobre a pele."
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