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Técnica desentope
artéria com coágulo
DANIELA SANDLER
da Reportagem Local
Uma terapia que dissolve até
75% de coágulos e placas de gordura em artérias, desenvolvida por
cientistas da Universidade Stanford, foi apresentada ontem num
encontro em Orlando (EUA).
Michael Kuo, coordenador da
pesquisa, disse à Folha que os resultados são muito animadores e a
terapia deve estar disponível nos
próximos anos.
O tratamento usa, de forma nova, um gene capaz de dissolver
coágulos chamado tPA (ativador
do plasminogênio tecidual).
O gene é inserido nas células de
uma veia saudável por meio de vírus inofensivos (que tiveram sua
carga genética retirada), fazendo
com que essas células o produzam
em maior quantidade.
A veia alterada é enxertada na artéria obstruída. O tPA secretado
por ela reduz a obstrução arterial
em 75%, fazendo o fluxo de sangue
voltar praticamente ao normal.
Outra vantagem do novo tratamento é que o diâmetro da veia enxertada aumenta, o que a torna
mais parecida com uma artéria.
Isso evitaria um dos principais
problemas de enxerto de veias, como os da ponte de safena. Nessa
técnica, um pedaço da veia safena,
localizada na perna, é enxertado
em artérias obstruídas. Por ser
mais estreita que as artérias, a ponte entope com frequência.
Segundo Kuo, a terapia terá um
"impacto imenso sobre todos os
que passam por cirurgias de safena". Kuo afirmou que o procedimento é simples e não tornaria a
ponte de safena mais cara nem
mais complicada.
O tratamento poderia ajudar
também portadores de doença
vascular periférica (obstrução de
artérias das pernas) e de aterosclerose (enrijecimento das artérias
causado por placas de gordura).
Atualmente, um tratamento disponível para a doença vascular periférica emprega drogas similares
ao tPA. Essas drogas, porém, são
injetadas na corrente sanguínea e
circulam pelo corpo inteiro, causando, muitas vezes, hemorragias
internas graves.
No estudo de Kuo, os pesquisadores injetaram tPA humano em
coelhos. Depois de 15 minutos, a
solução foi retirada de suas veias,
que foram enxertadas em artérias
quase totalmente obstruídas.
Depois de seis dias de tratamento, os coágulos ocupavam entre 7%
e 20% do diâmetro das artérias.
Os cientistas tentaram injetar
tPA diretamente nas artérias bloqueadas, mas o gene não conseguia vencer a barreira formada pelos coágulos. A veia enxertada produz o gene em quantidade suficiente para vencer o "bloqueio".
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