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BIOLOGIA
Geólogos utilizarão dados para decidir onde cavar
Algas unicelulares dão pistas para a busca de terrenos com petróleo
ALESSANDRO GRECO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Poseidon morreria de inveja se
descobrisse que quem realmente
manda nos oceanos, segundo a
ciência, são algas unicelulares. As
chamadas diatomáceas são também responsáveis por quase metade da fotossíntese nos mares.
Mas nem sempre foi assim: seu
reinado começou há somente 90
milhões de anos, revela estudo
hoje na revista científica americana "Science" (www.sciencemag.org) -o que pode facilitar a exploração da riqueza fóssil daqueles tempos, o petróleo.
Não é surpresa que, em se tratando de ajudar na procura de novos campos de petróleo, entre os
autores estejam dois pesquisadores do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo M. de Mello (Cenpes), da Petrobras.
Novos métodos
Procurado para falar do trabalho, o autor e gerente de geoquímica da empresa, Luiz Trindade,
não estava disponível para entrevistas. Foi tentado também contato com a autora brasileira Silvana
Barbanti, igualmente do Cenpes,
mas ela não foi encontrada.
A pesquisa usou um método diferente dos utilizados até hoje para datar diatomáceas. "Mostramos, pela primeira vez, que se pode fazer essa datação com precisão", diz o professor do departamento de ciências geológicas e
ambientais da Universidade de
Stanford J. Michael Modowan.
Fósseis moleculares
A idéia dos autores foi usar fósseis moleculares, ou seja, moléculas orgânicas que conseguem sobreviver durante milhões de anos.
As duas outras formas de datação
disponíveis tinham problemas de
confiabilidade.
A primeira, análise dos fósseis
das diatomáceas, sofre com a falta
de espécimes para exame e a má
conservação de seus vestígios. A
segunda, datação mediante seqüências de DNA do ribossomo
(fábrica de proteínas na célula),
precisa ser calibrada pelos fósseis,
que são porém incompletos.
Saber quando as diatomáceas
mais antigas se tornaram rainhas
dos mares vai ajudar os geólogos
na busca de novos campos de petróleo -embora não se saiba por
que elas chegaram a tanto. "Elas
desenvolveram um tipo de composto, que foi exatamente o que
procuramos para fazer nosso estudo. Talvez essa química seja a
responsável por sua ascensão nos
mares.", diz Modowan.
Uma hipótese levantada no artigo é que a ascensão das diatomáceas ocorreu devido à reorganização dos nutrientes no oceano,
que, por sua vez, foi causada pela
movimentação das placas tectônicas da Terra.
Marcador preciso
O estudo, que analisou mais de
120 espécies marinhas de diatomáceas, descobriu que somente
uma das algas mais antigas tem o
tal composto químico em seu corpo, o que faz delas um marcador
preciso do tempo geológico de
uma rocha. "Saber a época de
uma rocha, para os geólogos, torna certas áreas mais interessantes
do que outras para procurar petróleo", afirma Modowan.
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