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Parque "órfão" ganhará dinheiro de mineradora
Parceria dá R$ 2 milhões para reservas na Amazônia
DA REDAÇÃO
Um parque nacional "órfão"
e três outras unidades de conservação entre o sudoeste do
Pará e o sudeste do Amazonas
acabam de ganhar R$ 2 milhões
para efetivamente saírem do
papel. Metade do dinheiro, pasme, vem de uma empresa de
mineração, setor que ainda vê a
floresta como empecilho.
A mineradora é a Alcoa, gigante do alumínio, que ultimamente tem engrossado a fileira
das empresas americanas a incorporarem a preocupação ambiental em seus negócios. Nos
EUA, ela integra um grupo de
companhias que pressionam o
governo Bush a tomar medidas
contra o efeito estufa.
A Alcoa se aliou a uma ONG,
a Conservação Internacional,
para ajudar a implementar projetos de conservação de biodiversidade no Parque Nacional
da Amazônia, no município paraense de Itaituba, as Florestas
Nacionais Pau-Rosa (AM) e
Amanã (PA) e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (PA).
Essas reservas, conectadas,
formam um corredor de floresta de cerca de 5 milhões de hectares. Elas estão na chamada
área de endemismo Rondônia,
uma região entre os rios Tapajós e Madeira que concentra
um número alto de espécies
que não ocorrem em nenhum
outro lugar do mundo.
"Cada rio pequeno ali separa
uma espécie de mico", exemplifica o biólogo José Maria Cardoso da Silva, diretor da Conservação Internacional.
Segundo Cardoso da Silva,
este é "o primeiro projeto de
parceria entre uma ONG e uma
empresa privada com foco na
conservação da biodiversidade". A idéia, se a iniciativa vingar, é montar um fundo de R$
60 milhões para manter funcionando as unidades de conservação naquela região.
Parques de papel
Criar uma unidade de conservação é um passo importante para preservar a biodiversidade; o primeiro efeito de uma
área protegida é desestimular a
grilagem de terras, a ponta de
lança do desmatamento.
Mas pôr as reservas para funcionar -definindo como elas
serão usadas, estudadas e, sobretudo, fiscalizadas- é outra
história. Muitas vezes a implementação efetiva demora tanto
que a reserva acaba inutilizada.
O Parque Nacional da Amazônia, por exemplo, foi criado
em 1974, mas até hoje enfrenta
problemas de implementação.
Foi invadido por madeireiros e
tem problemas fundiários que
acabaram fazendo com que fosse excluído do Arpa, o programa do governo que financia
áreas protegidas na Amazônia.
O novo programa, com duração prevista de cinco anos, deve
identificar os gargalos à implementação das reservas e ajudar
seus diretores com dinheiro e
recursos técnicos. "Algumas
unidades não têm computador;
outras não têm gente", afirma
Cardoso da Silva.
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