São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Parque "órfão" ganhará dinheiro de mineradora

Parceria dá R$ 2 milhões para reservas na Amazônia

DA REDAÇÃO

Um parque nacional "órfão" e três outras unidades de conservação entre o sudoeste do Pará e o sudeste do Amazonas acabam de ganhar R$ 2 milhões para efetivamente saírem do papel. Metade do dinheiro, pasme, vem de uma empresa de mineração, setor que ainda vê a floresta como empecilho.
A mineradora é a Alcoa, gigante do alumínio, que ultimamente tem engrossado a fileira das empresas americanas a incorporarem a preocupação ambiental em seus negócios. Nos EUA, ela integra um grupo de companhias que pressionam o governo Bush a tomar medidas contra o efeito estufa.
A Alcoa se aliou a uma ONG, a Conservação Internacional, para ajudar a implementar projetos de conservação de biodiversidade no Parque Nacional da Amazônia, no município paraense de Itaituba, as Florestas Nacionais Pau-Rosa (AM) e Amanã (PA) e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (PA).
Essas reservas, conectadas, formam um corredor de floresta de cerca de 5 milhões de hectares. Elas estão na chamada área de endemismo Rondônia, uma região entre os rios Tapajós e Madeira que concentra um número alto de espécies que não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo.
"Cada rio pequeno ali separa uma espécie de mico", exemplifica o biólogo José Maria Cardoso da Silva, diretor da Conservação Internacional.
Segundo Cardoso da Silva, este é "o primeiro projeto de parceria entre uma ONG e uma empresa privada com foco na conservação da biodiversidade". A idéia, se a iniciativa vingar, é montar um fundo de R$ 60 milhões para manter funcionando as unidades de conservação naquela região.

Parques de papel
Criar uma unidade de conservação é um passo importante para preservar a biodiversidade; o primeiro efeito de uma área protegida é desestimular a grilagem de terras, a ponta de lança do desmatamento.
Mas pôr as reservas para funcionar -definindo como elas serão usadas, estudadas e, sobretudo, fiscalizadas- é outra história. Muitas vezes a implementação efetiva demora tanto que a reserva acaba inutilizada.
O Parque Nacional da Amazônia, por exemplo, foi criado em 1974, mas até hoje enfrenta problemas de implementação. Foi invadido por madeireiros e tem problemas fundiários que acabaram fazendo com que fosse excluído do Arpa, o programa do governo que financia áreas protegidas na Amazônia.
O novo programa, com duração prevista de cinco anos, deve identificar os gargalos à implementação das reservas e ajudar seus diretores com dinheiro e recursos técnicos. "Algumas unidades não têm computador; outras não têm gente", afirma Cardoso da Silva.


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