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Russo ganha e rejeita "Nobel" matemático
EFE
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O russo Grigori Perelman |
Grigori Perelman solucionou um mistério de um século, mas resolveu ficar em casa com sua mãe no dia da premiação
Gênio recluso, de 40 anos,
também deve rechaçar um
prêmio de US$ 1 milhão pela
sua resolução da chamada
conjectura de Poincaré
DA REDAÇÃO
O matemático russo Grigori
Perelman, 40, se recusou ontem a receber a Medalha Fields,
o equivalente ao Prêmio Nobel
para a área. O pesquisador, aparentemente magoado com alguns colegas, permaneceu incomunicável em São Petersburgo enquanto os mais prestigiosos matemáticos do mundo
se reuniam na cerimônia de entrega em Madrid.
Perelman foi indicado para a
Medalha Fields por resolver
um enigma que durava um século, conhecido como conjectura de Poincaré. O matemático, que
cultiva fama de excêntrico, ficou trancado com a mãe em casa e não explicou suas razões
para recusar o prêmio, entregue durante a reunião quadrienal da IMU (União Matemática
Internacional). Segundo colegas, ele também deve recusar
um prêmio de US$ 1 milhão
oferecido por uma fundação
americana por sua façanha.
As razões da recusa ainda não
estão claras, mas jornais russos
afirmam que ele estaria reagindo à sua não-reeleição como
membro do Instituto Matemático Steklov, de São Petersburgo. Anatoli Verchik, amigo de
Perelman, diz que o gênio recluso só estava interessado em
ver seu trabalho declarado como correto e via outras formas
de reconhecimento como "superficiais". "Ele é muito reservado, não gosta de falar sobre
esse assunto", diz.
John Ball, presidente do comitê da Medalha Fields, diz que
passou dois dias em São Petersburgo tentando em vão convencer Perelman a aceitar a
honraria. A recusa teria a ver
com ele se sentir "isolado da comunidade matemática".
A conjectura provada por Perelman, criada pelo matemático francês Henri Poincaré em
1904, foi um dos maiores enigmas matemáticos do século 20.
No ano 2000, o Instituto Clay,
de Massachusetts (EUA), classificou a questão como um dos
chamados "problemas do milênio", sete quebra-cabeças infernais com um prêmio de US$
1 milhão para quem resolvesse
cada um deles.
O problema solucionado trata de questões importantes na
área da topologia, o estudo das
propriedades geométricas fundamentais de espaços conhecidos como variedades topológicas, ou manifolds. São ferramentas matemáticas com aplicações diversas, utilizadas em
teorias que descrevem o Universo, por exemplo.
O prêmio milionário para o
russo deve ser anunciado em
breve, assim que equipes de
matemáticos encarregadas de
examinar a prova entregarem
seus pareceres. Poucos duvidam que um erro seja encontrado -e ninguém duvida que
Perelman possa rejeitá-lo.
O australiano Terence Tao,
um dos três outros ganhadores
da Medalha Fields na noite de
ontem, classificou a solução de
Perelman como uma "realização fantástica". "É a que mais
merece [o prêmio] entre as de
nós todos", disse.
Com Associated Press
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