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Europeu crê menos na ciência, diz estudo
Enquete realizada pela "Nature" mostra desconfiança do público em temas como H1N1 e energia nuclear na UE
Nos EUA, acredita-se mais no que cientista diz; China e Japão têm alto nível de descrença na teoria da evolução
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Para muitos pesquisadores, a ciência é uma língua
universal. Mas a confiança
que o público tem nela parece variar bastante de região
para região do planeta.
A conclusão é de uma pesquisa feita pela revista científica "Nature" com 21 mil leitores de seu site e do site da
"Scientific American".
A enquete não é conclusiva, mas os dados podem funcionar como uma espécie de
termômetro para saber a
quantas anda a confiança na
ciência e nos cientistas.
Quando o assunto é aquecimento global, por exemplo, as pessoas seguiram o
consenso científico.
Em quase todos os países
analisados (foram 18, incluindo o Brasil), duas vezes
mais pessoas disseram estar
"mais certas" do que "mais
em dúvida" sobre os impactos da atividade humana no
aquecimento.
"Isso é notável, dadas as
controvérsias recentes no assunto", diz Tim Appenzeller,
editor-chefe da "Nature".
POLÊMICAS CIENTÍFICAS
Algumas respostas, no entanto, variaram bastante entre os países consultados.
Numa questão sobre a gripe H1N1, 69% dos americanos declaram que confiam
nas afirmações dos cientistas
sobre a pandemia.
Já entre os participantes de
países europeus, a confiança
nos cientistas em relação à
H1N1 caiu para 31%.
Também no quesito "energia nuclear" há divergências:
18% dos americanos se dizem preocupados com os riscos dessa tecnologia, ante
66% dos europeus.
"Isso tem a ver com aspectos culturais. O americano
costuma ser, de modo geral,
menos informado e menos
participativo do que os europeus", explica a socióloga
Maria Conceição da Costa, da
Unicamp. Ela é especialista
em participação da sociedade em ciência e tecnologia.
Dados da China e do Japão
também chamam atenção na
pesquisa da "Nature".
Ao todo, 35% dos japoneses e 49% dos chineses declararam que "há razões para
se duvidar" da teoria da evolução de Darwin.
Para Costa, é difícil analisar como os orientais confiam ou não na atividade
científica. "Fazemos ciência
de maneira ocidental e estudamos, na política científica,
ciência do Ocidente", diz.
No Brasil, os dados estão
no meio do caminho entre os
números europeus e americanos e os números asiáticos.
Por aqui, 23,5% dos participantes disseram que têm
dúvidas sobre a veracidade
da teoria da evolução.
Os resultados poderiam
ser diferentes se a enquete
fosse feita com a população
em geral. "Faz sentido pensarmos num novo estudo
mais amplo", diz a editora-chefe da "Scientific American", Mariette Di Christina.
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