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PERISCÓPIO
Cientistas registram um rápido avanço evolucionário
JOSÉ REIS
especial para a Folha
Conta Virginia Morell em um
artigo publicado na revista norte-americana "Science" (275,
1880) como o biólogo evolucionário David Reznick, da Universidade da Califórnia, em Riverside, nos Estados Unidos,
salvou de morte certa uma pequena população dos chamados
"guppies" -os peixinhos das
Antilhas, de vivo colorido, de
nome científico Lebistes reticulatus.
Esses peixes estavam numa lagoa de cascata cheia de predadores. Reznick e seus colaboradores se encarregaram de transferir os "guppies" para outra
lagoa semelhante localizada rio
acima. Nessa lagoa, porém, havia apenas uma espécie predadora.
Os "guppies" se adaptaram
muito bem à nova situação. Segundo o artigo de Morell, eles
revelaram maior crescimento,
vivendo por mais tempo e produzindo descendência mais
abundante.
Agora o mesmo cientista retoma essa experiência de 11 anos e
procura, metodicamente, determinar o tempo que durou a
adaptação evolucionária além
de outras coisas.
A nova experiência é publicada na mesma revista (pág.
1.934) e mostra que os lebistes se
adaptaram em quatro anos,
prazo de mudança de 10 mil a
10 milhões de anos mais rápido
do que o determinado pelo registro fóssil.
Embora o avanço na adaptação seja um resultado já conseguido várias vezes em laboratório, esta é a primeira ou uma
das primeiras vezes que ele é
observado em liberdade, ao ar
livre.
Isso contraria a velha noção
de que os avanços em adaptação por seleção natural são em
geral muito lentos.
Reznick, conforme relata um
cientista, retirou a experiência
do laboratório e a colocou em
condições naturais, ao ar livre.
Reznick por sua vez afirma
que seu trabalho abre pistas e
padrões evolucionários mais
amplos como a estase (longos
períodos sem mudança) intercalada por rápidos surtos de
mudança. Nem todos concordam com ele, entretanto.
No novo estudo, Reznick e colaboradores começam com pesquisas feitas em 1990, que revelam que os "guppies" evoluem
em vários aspectos como resposta aos predadores. Há exemplos
naturais disso. De posse desses
dados, os pesquisadores determinaram o prazo, já citado, de
quatro anos para o avanço médio do processo de adaptação.
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