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Ataque de besouro transforma floresta em fonte de gás carbônico
Expansão de praga se deve ao aquecimento global e pode agravar o problema
Serviço Florestal Canadense/"Nature"
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Floresta de pinheiros infectada na Colúmbia Britânica; em vermelho, as árvores mortas
DA REDAÇÃO
Pode um besouro menor que
um grão de arroz ajudar a alterar o clima do planeta? Cientistas canadenses dizem que sim.
Eles afirmam que uma única
infestação de um tipo de besouro está transformando as florestas da região noroeste do
país em grandes emissoras de
gás carbônico, o principal gás
de efeito estufa.
O grupo liderado por Werner
Kurz, do Serviço Florestal Canadense, calculou pela primeira vez o impacto da praga do besouro-do-pinheiro (Dendroctonus ponderosae) sobre as emissões das florestas de coníferas
da Colúmbia Britânica. Os pesquisadores descobriram que
até 2020 as árvores mortas pelo bichinho numa epidemia
ocorrida em 2006 terão emitido 270 milhões de toneladas de
CO2. Esse volume corresponde
quase ao total de emissões do
Brasil em um ano (excluindo o
desmatamento) e ao total que o
Canadá teria de cortar até 2012
para cumprir sua meta no Protocolo de Kyoto.
O problema, dizem Kurz e
seus colegas, é que até agora as
extensas florestas de coníferas
canadenses eram consideradas
"ralos", e não fontes, de gás carbônico: estudos anteriores
mostravam que elas seqüestravam 600 mil toneladas desse
gás-estufa por ano.
Em seu estudo, publicado
hoje na revista "Nature", o grupo afirma que se trata de um
caso daquilo que os cientistas
chamam de "feedback positivo": um efeito do aquecimento
global que, por sua vez, faz aumentar as emissões, que pioram o clima ainda mais.
Isso porque o besourinho
tem sido favorecido pelas temperaturas cada vez mais altas
daquela região nas últimas décadas -atribuídas ao aquecimento global. Antes limitado
em seu habitat pelo frio e pelas
secas no verão, agora ele encontra a situação inversa. Em
2006, a área infestada foi de
130 mil quilômetros quadrados
-dez vezes mais que o maior
surto até então registrado.
O besouro deposita seus ovos
sob a casca do pinheiro, apodrecendo a árvore. A decomposição libera CO2 na atmosfera.
"Muitos outros insetos afetam ciclo de carbono", disse
Kurz à agência de notícias Associated Press. "Se eventos como esse ocorrem em outras regiões do planeta, eles realmente têm de ser contabilizados."
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