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Cientistas americanos continuam presos em MS
Para advogado, geólogos
foram vítimas de enganos
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Os pesquisadores americanos Mark Andrew Tress, Kellu
Michael Wendt e Michael Matthew McGlue, presos pela Polícia Federal na semana passada
quando faziam extração de sedimentos minerais em lagoas
no Pantanal, foram vítimas de
uma "sucessão de enganos", diz
o advogado Roberto Lins, que
assumiu a defesa dos três.
"Eles não cometeram delito
algum, não visavam lucro nem
causar qualquer prejuízo ao
ecossistema", disse o advogado.
Lins disse que entraria ainda
ontem com novo pedido de relaxamento da prisão dos americanos, que estão detidos desde
quarta-feira na carceragem da
PF em Corumbá (MS).
No sábado, a Justiça Federal
negou o primeiro pedido de liberdade: faltava, segundo Lins,
a tradução juramentada para o
português de documentos que
comprovassem residência fixa
e bons antecedentes.
Os pesquisadores foram indiciados pelos crimes de usurpação ou exploração de matéria-prima pertencente à União e
execução de pesquisa de recursos minerais sem autorização.
Dois pesquisadores brasileiros, Fabrício Aníbal Corradini e
Aguinaldo Silva, alunos de pós-graduação da Unesp de Rio Claro, também foram detidos no
mesmo local e depois liberados
após pagamento de fiança.
Em nota, a Unesp disse existir uma "colaboração científica
informal" de um grupo de pesquisa da instituição com a Universidade do Arizona. O estudo
no Pantanal tem o objetivo de
avaliar, a partir da coleta de sedimentos, as variações climáticas ocorridas na região nos últimos 30 mil anos.
A Unesp disse que a falta de
um convênio formal a impede
de "assumir na Justiça a defesa
dos envolvidos". Declara, porém, que atividades autorizadas pelo Ibama e previstas na
pesquisa "não envolvem coleta
de amostras de fauna e flora ou
de minérios de valor comercial
e nada têm a ver com biopirataria ou geopirataria".
Para o Ministério Público
Federal, que deu parecer contrário ao primeiro pedido de liberdade aos pesquisadores, a
atividade científica estrangeira
em território nacional "não pode ser realizada ao alvedrio das
leis brasileiras, sem o conhecimento e autorização das autoridades públicas competentes".
Alcides Faria, diretor da
ONG Ecoa, que dava apoio logístico aos pesquisadores, disse
que o trabalho é importante para entender a história do Pantanal e que a pesquisa não pode
ser interrompida.
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