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Arqueólogos acham 300 geoglifos no Acre
Resquícios que formam desenhos no chão derivam da ação de povos antigos da região
FREUD ANTUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIO BRANCO (AC)
Os geoglifos do Acre -estruturas formando grandes
desenhos no chão, construídas por povos antigos que
habitaram o Estado- estão
se mostrando cada vez mais
numerosos. Arqueólogos já
identificaram 300 deles, segundo a última contagem.
Ao menos 50 novos geoglifos foram identificados na região só neste ano. As estruturas -que em geral podem ser
avistadas de avião após uma
área sofrer desmatamento-
são trincheiras de até 15 metros de largura e quatro de
profundidade. Os desenhos
delineiam diversos formatos,
como quadrados e círculos.
Um estudo de cientistas da
UFPA (Universidade Federal
do Pará), da Ufac (Universidade Federal do Acre) e de
uma instituição da Finlândia
constatou que as construções têm por volta de 1.300
anos. Algumas começaram a
ser construídas há 2.000
anos, dizem os arqueólogos.
Não se sabe ainda para
que as estruturas eram feitas.
Elas podem ter sido utilizadas como moradia, cemitério, espaço para a plantação,
fortificação ou ainda como
centros religiosos.
Os pesquisadores, até agora, escavaram cinco geoglifos, mas não encontraram
nenhum vestígio das pessoas
que trabalharam na obra.
É PAU
"A realização da obra depende de ferramentas, pois o
solo é muito duro, e até agora
a gente não encontrou nada.
Eles não tinham coisas de
metal. Isso a gente sabe. Eles
usavam pás de madeira",
disse Denise Schaan, da
UFPA. Ela estima que a escavação de uma dessas trincheiras poderia durar cerca
de seis meses.
A quantidade e o tamanho
dos geoglifos levou Schaan e
colegas a proporem que uma
sociedade indígena relativamente complexa, com densidade populacional bem mais
elevada que a das tribos
atuais, habitava o Acre antes
da chegada dos europeus.
As conclusões sobre as
descobertas foram apresentadas nesta semana em Rio
Branco (AC), durante um
simpósio internacional sobre
a arqueologia da região.
O evento, que reuniu cientistas americanos, finlandeses e britânicos, também
abordou os motivos para as
construções. Participaram
ainda especialistas em geoglifos achados na Bolívia.
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