São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010

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Arqueólogos acham 300 geoglifos no Acre

Resquícios que formam desenhos no chão derivam da ação de povos antigos da região

FREUD ANTUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIO BRANCO (AC)

Os geoglifos do Acre -estruturas formando grandes desenhos no chão, construídas por povos antigos que habitaram o Estado- estão se mostrando cada vez mais numerosos. Arqueólogos já identificaram 300 deles, segundo a última contagem.
Ao menos 50 novos geoglifos foram identificados na região só neste ano. As estruturas -que em geral podem ser avistadas de avião após uma área sofrer desmatamento- são trincheiras de até 15 metros de largura e quatro de profundidade. Os desenhos delineiam diversos formatos, como quadrados e círculos.
Um estudo de cientistas da UFPA (Universidade Federal do Pará), da Ufac (Universidade Federal do Acre) e de uma instituição da Finlândia constatou que as construções têm por volta de 1.300 anos. Algumas começaram a ser construídas há 2.000 anos, dizem os arqueólogos.
Não se sabe ainda para que as estruturas eram feitas. Elas podem ter sido utilizadas como moradia, cemitério, espaço para a plantação, fortificação ou ainda como centros religiosos.
Os pesquisadores, até agora, escavaram cinco geoglifos, mas não encontraram nenhum vestígio das pessoas que trabalharam na obra.

É PAU
"A realização da obra depende de ferramentas, pois o solo é muito duro, e até agora a gente não encontrou nada. Eles não tinham coisas de metal. Isso a gente sabe. Eles usavam pás de madeira", disse Denise Schaan, da UFPA. Ela estima que a escavação de uma dessas trincheiras poderia durar cerca de seis meses.
A quantidade e o tamanho dos geoglifos levou Schaan e colegas a proporem que uma sociedade indígena relativamente complexa, com densidade populacional bem mais elevada que a das tribos atuais, habitava o Acre antes da chegada dos europeus.
As conclusões sobre as descobertas foram apresentadas nesta semana em Rio Branco (AC), durante um simpósio internacional sobre a arqueologia da região.
O evento, que reuniu cientistas americanos, finlandeses e britânicos, também abordou os motivos para as construções. Participaram ainda especialistas em geoglifos achados na Bolívia.


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