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Emergentes prometem ajuda climática
Brasil, África do Sul, Índia e China acenam com auxílio financeiro para reconquistar confiança de países pobres menores
Ministros de meio ambiente do bloco cobram "dinheiro rápido" prometido por nações ricas para adaptação ao aquecimento global
Mustafa Quraishi/Associated Press
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Jairam Ramesh, Xie Zhenhua, Buyelwa Sonjica e Carlos Minc (esq. para dir.) ontem em Nova Déli
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os países gigantes emergentes querem recuperar a confiança das nações pobres pequenas na tentativa de retomar
o bom andamento das negociações para o novo acordo do clima. Em reunião ontem em Nova Déli, ministros de ambiente
do grupo Basic (Brasil, África
do Sul, Índia e China), decidiram que o bloco vai dar contribuição financeira para países
mais pobres lidarem com o
aquecimento global e criar um
comitê de auxílio científico.
O valor da contribuição conjunta ainda não foi anunciado,
mas, segundo Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente do
Brasil, deve ocorrer em breve.
"Ontem, o que ocorreu foi uma
reunião de ministros, e, naturalmente, o montante vai ser
definido em conjunto com os
presidentes", disse Minc à Folha, por telefone. "A ideia é que
seja um contribuição idêntica
para todos os países do Basic."
De acordo com o brasileiro, o
gesto deve auxiliar os quatro gigantes emergentes a atraírem o
G-77 (bloco diplomático com
mais de 120 países em desenvolvimento) de volta à negociação do acordo do clima. Muitos
dos países desse grupo se sentiram mal representados na conferência de Copenhague, em
dezembro, e se recusaram a assinar o documento final da cúpula, que havia sido articulado
pelo Basic e pelos EUA.
"Evidentemente, foi do G-77
que partiu a maior resistência,
porque o processo foi pouco inclusivo e pouco transparente",
diz Minc, que culpa a anfitriã
Dinamarca por ter conduzido
mal o debate. "Agora, o Basic
quer avançar mais e quer voltar
a se articular melhor com o G-77, que é de onde vem, também,
a sua força política."
Segundo o ministro brasileiro, os quatro países criarão um
comitê conjunto para ampliar a
cooperação científica. O Brasil,
que já fornece à África imagens
de satélite para monitorar florestas, deve estender o serviço
a outros países. A oferta, diz
Minc, é necessária para que outras nações possam aderir aos
programas de Redd (Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), que
oferecem compensação financeira a países que preservam
suas matas como forma de evitar a emissão de gases-estufa.
As declarações de Minc ganharam reforço de seus colegas
ministros após a reunião de ontem. Jairam Ramesh, da Índia,
disse que quer buscar um "consenso com os países desenvolvidos", também. Xie Zhenhua,
da China, concentrou seu discurso em cobrar dos países ricos o "dinheiro rápido" que haviam prometido para ajudar
nações pobres a lidarem com o
aquecimento global.
O valor acertado em Copenhague era de US$ 30 bilhões,
em três parcelas anuais até
2012. Segundo Zhenhua, a primeira deve seguir para os países mais pobres, sobretudo os
africanos e as nações-ilhas.
Os quatro ministros também
anunciaram que vão cumprir o
prazo estabelecido em Copenhague para que países em desenvolvimento definam suas
propostas voluntárias de corte
de emissões. "Nós [o Basic] temos a obrigação de sermos os
primeiros a submeter os planos
de ação", disse Buyelwa Sonjica, da África do Sul.
Outro bom sinal que o Basic
deu aos países pobre pequenos
foi sua posição com relação à
proposta de reduzir o debate do
novo acordo do clima a um grupo restrito de 28 países. Sugerida pelo chefe da Convenção do
Clima da ONU, Yvo de Boer,
para evitar tumulto diplomático, e apoiada pelo presidente da
França, Nicolas Sarkozy, a proposta foi criticada ontem.
"O Basic discutiu isso e rejeita a ideia", disse Minc. "Mas, isso não significa que não haverá
articulações prévias entre grupos menores. Isso é que faltou
em Copenhague." Várias reuniões devem acontecer até a
próxima conferência do clima,
no fim do ano, no México, diz.
Com Associated Press e France Presse
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