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DESASTRE EM ALCÂNTARA
Prefeitura da cidade e Agência Espacial Brasileira criam centro de informações para atender familiares dos mortos em acidente
Vítimas terão honras militares em São José
DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
As 21 pessoas que morreram no
incêndio do VLS-1 em Alcântara
(MA) na sexta-feira serão homenageadas com honras militares
no CTA (Centro Tecnológico da
Aeronáutica), em São José dos
Campos (a 96 km de São Paulo).
Em reunião realizada ontem no
CTA, representantes das famílias
das vítimas do acidente concordaram com a realização de uma
cerimônia cívico-militar quando
os corpos chegarem à cidade.
"Será uma cerimônia de no máximo uma hora e meia, com salvas de tiros. Depois, as famílias
decidirão onde será realizado o
velório de cada uma das pessoas",
disse Angelo Ananias, 42, cunhado do técnico em eletrônica de
manutenção Sidney Aparecido de
Moraes, morto em Alcântara.
O presidente da AEB (Agência
Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, e o prefeito de São José dos
Campos, Emanuel Fernandes
(PSDB), anunciaram ontem a
criação de uma comissão para
apoiar as famílias das vítimas.
A comissão será formada por
representantes do CTA, do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), da AEB e da Prefeitura
de São José dos Campos.
O funcionamento da comissão
ainda não foi decidido, mas a
idéia é que seja destinada uma sala na prefeitura para atender os familiares, centralizando as informações. Uma das maiores queixas dos familiares é a falta de informações sobre os corpos.
"Queremos desburocratizar as
informações para os familiares e
fornecer todo o respaldo jurídico-financeiro necessário para o traslado, o velório e o enterro das vítimas", disse Bevilacqua.
O presidente da AEB anunciou
que as famílias das vítimas receberão indenizações do governo
federal, mas não precisou os valores nem a forma de pagamento.
"As famílias dessas pessoas receberão do governo tudo o que tiverem direito, porque elas morreram em serviço, em um ato heróico, e merecem o respeito de todo
o país." A primeira reunião da comissão acontecerá na tarde de hoje, segundo Bevilacqua.
O presidente da AEB rebateu as
críticas feitas por deputados federais que consideraram que o dirigente da agência demonstrou
"distanciamento grande da realidade" quando ironizou a notícia
sobre o acidente com o VLS-1,
com a expressão "só se for um foguete de São João", quando questionado sobre o acidente ocorrido
na base de Alcântara, durante
uma entrevista. Bevilacqua disse
que a sua declaração não foi uma
ironia nem uma brincadeira, e
sim uma reação de surpresa.
"Eu estava totalmente convencido de que esse lançamento seria
coroado de sucesso. O clima estava excelente, e todos os testes estavam indo muito bem, já que no
dia anterior havia acontecido
uma simulação que foi perfeita."
Segundo ele, como estava no
meio de uma entrevista em que
abordava o sucesso do acordo firmado entre Brasil e Ucrânia, a informação do acidente ainda não
tinha chegado até ele.
"O acidente ocorreu quando eu
estava em um clima muito animado. Eu realmente disse isso, não
nego. Mas é o contexto que deve
ser analisado, e não o episódio de
forma isolada", disse Bevilacqua.
Sobre a afirmação do presidente
da Comissão de Educação da Câmara, o deputado Gastão Vieira
(PMDB-MA), de que Bevilacqua
deveria pedir demissão depois da
gafe, o presidente da agência disse
não faria comentários.
"Essa é a opinião dele. Eu estou
com a consciência tranquila e sei
que tenho trabalhado muito por
este país. As explicações são essas.
Se são satisfatórias ou não, não cabe a mim julgar", disse.
(ELIANE MENDONÇA e ROBERTO COSSO)
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