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Descobridor não atacaria decisão, afirma viúva
DA REPORTAGEM LOCAL
Descoberto em 1930 pelo astrônomo americano Clyde
Tombaugh, Plutão provavelmente deveu sua promoção
imediata ao status de planeta à
ignorância dos astrônomos: todo mundo achava que ele fosse
bem maior do que acabou se revelando. "Plutão é um estranho
no ninho desde que foi descoberto. Ele era mantido como
planeta por motivos históricos
e lobby americano [já que foi o
único planeta descoberto por
um pesquisador dos EUA]", argumenta Cássio Barbosa. Ele
lembra também que a órbita do
ex-planeta é totalmente estranha para os padrões dos demais, muito ovalada e em ângulo diferente em relação ao Sol.
O nome, que é o do deus romano do mundo dos mortos,
foi sugerido a Tombaugh pela
britânica Venetia Burney (hoje
Phair), então com 11 anos. Ironicamente, Tombaugh saiu em
busca do astro por detectar
perturbações gravitacionais na
órbita de Netuno, mas depois
os astrônomos perceberam que
o astro era simplesmente pequeno demais para causar o
efeito. O problema, na verdade,
era um erro na medição da
massa de Netuno.
Reações contraditórias
Pelo menos um dos prováveis prejudicados com o rebaixamento plutoniano não ficaria
chateado -ou ao menos é o que
diz Patricia Tombaugh, viúva
do descobridor do astro. "Clyde
diria "bem, ele está lá. Pode fazer o que quiser com ele". Ele
entenderia que a ciência é uma
coisa progressiva e que, se você
faz uma descoberta, corre o risco de vê-la derrubada mais tarde", afirmou Tombaugh, 94.
Outra reação tranqüila -e, à
primeira vista, inesperada-
veio do astrônomo Mike
Brown, do Caltech (Instituto
de Tecnologia da Califórnia).
Brown é o maior caçador de objetos do cinturão de Kuiper (os
cafundós gelados do Sistema
Solar, onde Plutão mora) e o
descobridor de "Xena". Esse astro, ligeiramente maior que
Plutão, era forte candidato a
décimo planeta.
"Claro que fico chateado ao
saber que Xena não será o décimo planeta, mas com toda certeza dou meu apoio à IAU nessa
decisão difícil e corajosa. Cientificamente, é a coisa certa a fazer, e é um grande passo à frente para a astronomia. Plutão jamais seria considerado um planeta se tivesse sido descoberto
hoje", disse Brown.
Outros astrônomos, porém,
apontaram o fato de que, se o
público em geral continuar a
considerar o astro um planeta,
a definição científica do termo
talvez acabe se distanciando da
popular. Para esses pesquisadores, a própria criação do termo "planeta-anão" acaba, de
certa forma, lançando dúvidas
sobre o rebaixamento.
Com agências internacionais
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