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MEDICINA
Hormônio sintético evitou perda óssea em roedor, sem os efeitos colaterais vistos nos tratamentos convencionais
Composto reduz risco da terapia hormonal
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele parece ter o jeito e os benefícios do estrógeno, mas sem os perigosos efeitos colaterais. Um hormônio sintético desenvolvido por
cientistas norte-americanos pode
vir a se tornar uma alternativa
mais segura aos polêmicos tratamentos de reposição hormonal,
para tratamento de efeitos da menopausa. Mas isso só em cinco ou
seis anos, e se tudo correr bem,
afirmam os cientistas.
A pesquisa ainda está em estágio muito preliminar, mas os resultados são animadores. O estudo feito por um grupo da Universidade do Arkansas para Ciências
Médicas (EUA) e publicado hoje
na revista americana "Science"
(www.sciencemag.org) relata a
ação da droga em camundongos.
"Conduzimos os experimentos
por seis semanas, o que seria o
equivalente a quatro ou cinco
anos de terapia em mulheres", relata Stravos Manolagas, líder da
equipe do Arkansas. "Normalmente esse é o tempo-padrão para experimentos desse tipo com
roedores", diz César Eduardo
Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira do Climatério.
Segundo os médicos, a nova
substância, que ganhou o nome
de estreno, obteve bons resultados para conter a perda óssea em
camundongos que tiveram seus
ovários extraídos. Por outro lado,
não provocou alteração alguma
detectável nos tecidos ligados aos
órgãos reprodutivos.
Caso se confirmem em humanos os resultados em animais, a
substância pode se tornar uma alternativa mais segura e menos polêmica aos tratamentos de reposição hormonal, atual alvo de controvérsia entre os médicos. Mas
ainda há muito chão pela frente.
"Ainda temos diversos testes
pré-clínicos para fazer, antes que
essa droga seja testada em humanos", diz Manolagas. "Os testes
com animais devem nos tomar
mais uns dois a três anos. Depois,
os testes clínicos também devem
consumir de dois a três anos."
Polêmica
Alternativas aos tratamentos
tradicionais de reposição hormonal são uma boa pedida -o tema
está mais quente do que nunca,
com sucessivos cancelamentos de
testes clínicos e acalorados debates nos EUA e no Reino Unido.
Um número crescente de médicos começa a acreditar que as terapias que envolvem a combinação dos hormônios estrógeno e
progesterona como forma de
combater a perda óssea iniciada
com a menopausa podem não valer a pena, diante de riscos associados a esses tratamentos.
Isso porque os hormônios não
só agem sobre os ossos, promovendo sua manutenção, mas também sobre os órgãos reprodutivos, algumas vezes levando a um
processo que culmina com a aparição de células cancerosas. Como
o estreno não atua nesses órgãos,
parece evitar o perigo.
Potencial
"O trabalho parece ser bastante
promissor, embora não parta de
uma estratégia totalmente inédita", comenta Fernandes. "Ao que
tudo indica, a molécula é similar a
outros fármacos que já existem
no mercado, os Serms [Moduladores Seletivos dos Receptores de
Estrógeno, na sigla em inglês],
mas parece ser parcialmente derivada de um hormônio natural",
aponta o brasileiro.
"A definição mais aproximada
seria a de um hormônio sintético", diz Manolagas, que é grego
de nascimento, mas já está há 25
anos nos EUA. "É um esteróide
que não é encontrado nessa forma na natureza", afirma.
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