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ESPAÇO
Veículo de sondagem VSB-30 é o primeiro lançamento desde o acidente com o VLS-1, que matou 21 pessoas em 2003
Brasil volta a lançar foguete de Alcântara
DA REDAÇÃO
O Brasil lançou anteontem seu
primeiro foguete ao espaço desde
o acidente que matou 21 técnicos
na base de Alcântara, no Maranhão, há 14 meses. O veículo, denominado VSB-30, decolou da
base por volta das 13h30 para um
vôo suborbital de sete minutos, a
100 km de altitude, e marcou a retomada do programa brasileiro
de lançamentos.
O CTA (Centro Técnico Aeroespacial), instituição ligada à Força
Aérea que controla a base de Alcântara e foi responsável pelo
projeto, considerou o lançamento
"um sucesso". A missão Cujuana,
como foi batizada, alcançou seu
apogeu (altura máxima) em 10,5
minutos e permaneceu em microgravidade durante quatro minutos, informou o CTA.
A preparação para o lançamento do VSB-30, um veículo de 13
metros de altura e dois estágios
(andares), no entanto, foi criticada por ter envolvido o mesmo clima de sigilo que precedeu o acidente com o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), que pegou fogo na plataforma de lançamento
em 22 de agosto de 2003.
Segundo a Aeronáutica, o acesso limitado a informações se deve
a razões de segurança.
A Folha revelou em agosto deste ano que o VSB-30 nunca havia
sido testado, e que o foguete fora
montado sem uma revisão preliminar de projeto, procedimento
de rotina em casos semelhantes.
Para exportação
O novo foguete foi desenvolvido
em parceria com a Alemanha. Ele
é capaz de fazer vôos de até 250
quilômetros de altitude com uma
carga útil de até 400 quilos. Seu
objetivo é ser usado em missões
científicas no Brasil e na Europa,
principalmente para experimentos que envolvam microgravidade (sensação de ausência de peso,
que facilita algumas reações químicas e biológicas que não podem
ser reproduzidas de maneira viável no ambiente terrestre).
O lançamento de anteontem
não só ajuda a restaurar a imagem
externa do programa espacial
brasileiro, o primeiro da América
Latina, mas também permite que
a Aeronáutica siga em frente com
seus planos de exportar os foguetes para a ESA (Agência Espacial
Européia), onde ele substituiria os
foguetes Skylark, fabricados pelo
Reino Unido.
O protótipo do VSB-30 foi fabricado quase inteiramente por empresas brasileiras. O CTA apenas
realizou a integração dos sistemas
de combustível sólido. Tanto a
AEB (Agência Espacial Brasileira)
quanto o Centro Espacial Alemão
supervisionaram o lançamento.
Três fracassos
O acidente do ano passado com
o VLS-1, causado pelo acionamento involuntário de um dos sete motores do veículo, foi o terceiro da história do projeto, iniciado
em 1980. As duas falhas anteriores, ocorridas em 1997 e 1999, não
deixaram vítimas.
Um relatório da Câmara dos
Deputados concluído há dois meses sobre o VLS-1 aponta três fatores como causas do acidente: baixos investimentos na área, falta de
pessoal capacitado e uma falha
institucional do programa espacial brasileiro, "já que a AEB [órgão civil, ligado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia], teoricamente responsável pelo programa, não tem comando efetivo sobre as atividades".
A Câmara sugeriu mudanças na
organização do programa espacial, propondo que ele passe a ser
diretamente subordinado à Presidência da República.
Com agências internacionais
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