São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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China esquenta corrida espacial com nave lunar

Orbitador Chang'e-1 precede pouso na Lua em 2012

Xinhua/Reuters
Foguete Longa Marcha-3A decola carregando a Chang'e-1


DA REDAÇÃO

A China deu mais um grande salto para se consolidar como superpotência espacial ontem, ao lançar com sucesso sua primeira sonda lunar, a Chang'e-1.
A sonda decolou às 7h (hora de Brasília) da base de Xichang, na Província de Sichuan. Se tudo correr conforme o previsto, ela deve entrar em órbita da Lua no próximo dia 5 e passar mais de um ano varrendo a superfície do astro, em preparação para o pouso de um veículo não-tripulado que os chineses planejam para 2012.
O país, que em 2003 entrou para o seleto clube das nações capazes de mandar humanos ao espaço, não esconde a ambição de levar um taikonauta (nome dado aos astronautas chineses) para a Lua num futuro próximo -ao redor de 2020.
A TV chinesa transmitiu o evento "quase" ao vivo (por alegadas razões de segurança, é proibido transmitir ao vivo de bases militares chinesas), e líderes do Partido Comunista estiveram presentes para testemunhar o novo grande feito espacial nacional, saudado com ufanismo pela imprensa oficial.
"Sem dúvida, o lançamento da Chang'e-1 mais uma vez mostrará ao mundo que o povo chinês tem a força de vontade, a confiança e a capacidade de constantemente escalar as alturas da ciência e da tecnologia", afirmou um comentarista no site de notícias Sina Web.
Milhares de aficionados, turistas e jornalistas do país inteiro se apinharam em ladeiras e mirantes da cidade de Xichiang para ver o lançamento, comemorando quando o foguete Longa Marcha-3A sumiu entre as nuvens levando a sonda de 2,3 toneladas.
O feito chinês é mais um desdobramento de uma nova corrida espacial, que neste século envolve as três grandes nações asiáticas: China, Japão e Índia.
O Japão no começo deste mês marcou seu primeiro tento na disputa, ao colocar em órbita lunar a sonda Kaguya, que tem essencialmente o mesmo objetivo da Chang'e-1 -mapear a superfície da Lua.
Além de objetivos parecidos, ambas as naves têm nomes retirados na mitologia. Kaguya é uma princesa lunar do folclore nipônico, e Chang'e, uma deusa chinesa que viajou até o astro.
A missão japonesa, no entanto, sofreu mais percalços que a chinesa: passou quatro anos sendo adiada. Nesse mesmo período, a China levou três humanos ao espaço.
A próxima a invadir a Lua será a Índia, que pretende lançar um orbitador lunar em 2008.
Segundo Chan Kwing-Iam, especialista em física solar que estudará os dados da Chang'e-1, a sonda lunar deve ajudar a China a alcançar o Japão no desenvolvimento de tecnologia espacial própria.
O lançamento também serve para Pequim mostrar que a inovação tecnológica cresce no mesmo ritmo que a economia.
Embora as autoridades chinesas digam que o programa espacial tem fins pacíficos, os EUA andam tensos em relação às manifestações de poder da China. Os americanos têm proibido a exportação de qualquer tipo de tecnologia espacial para o gigante asiático. Isso tem prejudicado indiretamente o Brasil, parceiro da China no programa CBERS de satélites, que não consegue mais importar componentes americanos.


Com Reuters


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