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RO troca madeireiro de "faroeste" por engenheiro
Profissionais estão explorando madeira em concessão florestal federal
Quase todos da USP, os engenheiros florestais colidem com a tradição local de grilagem e desmatamento amador
Serviço Florestal/Sakura
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Funcionário da empresa Sakura na Flona do Jamari (RO)
RICARDO MIOTO
ENVIADO ESPECIAL A RONDÔNIA
Ainda que escorrendo
suor e cercados de dezenas
de insetos per capita, os responsáveis pela empresa
Amata têm mais cara de
quem trabalha em um escritório na Berrini do que no
meio da floresta amazônica
em Itapuã do Oeste (RO).
Esses profissionais, quase
todos paulistas mesmo (o gerente de planejamento é paranaense), são exemplo do tipo de mão de obra qualificada da área florestal que foi
para Rondônia depois que o
governo federal concedeu a
exploração da madeira da
Floresta Nacional do Jamari à
iniciativa privada.
Contrastam com o modo
tradicional de atuação das
madeireiras no local, ao estilo velho oeste: terra de ninguém, com grilagem e desmatamento amador, ilegal e
total dos terrenos, e madeireiros andando até armados.
"Quase todo mundo aqui
fez Esalq", diz Roberto
Waack, 50, CEO da Amata,
em referência à sede do curso
de engenharia florestal da
USP em Piracicaba -biólogo
pela USP, ele não poderia ter
menos jeito de madeireiro.
Longe do Norte, até passa
por um executivo qualquer: a
sede comercial da Amata é
mesmo na Vila Olímpia.
A empresa do desarmado
Waack foi uma das três que
ganharam a licitação para
explorar por 40 anos a floresta do lugar de maneira sustentável (com técnicas de
baixo impacto, tirando apenas as árvores maiores e deixando a mata se recuperar).
VERGONHA
As outras duas, que também já estão cortando madeira na região há quase dois
meses, têm como proprietários madeireiros tradicionais
de Rondônia, mas que juram
que madeira sem certificação
ambiental é coisa do passado. Tiveram de trazer engenheiros de fora.
"Agora quero ficar só aqui
na concessão. Para vender
para fora agora tem de ser
madeira certificada mesmo",
diz Valdir Perutti, 56, da Madeflona, madeireiro desde
1991 na região, que acha
mais normal ser chamado de
chefe do que de CEO.
"Já tive vergonha de dizer
que era madeireiro, você era
visto como criminoso."
Para conseguir se adaptar
às exigências do contrato
que assinou com governo,
pediu a ajuda de um engenheiro florestal para montar
uma equipe técnica.
"Eu chamei um rapaz de
Santa Catarina para ser meu
sócio, como se fosse meu filho mesmo", diz. A Sakura,
empresa que completa o trio
de madeireiras na Flona,
também conta com engenheiros -o diretor técnico,
aliás, também veio da Esalq.
Os lotes de cada empresa
variam de tamanho, mas giram em torno de 30 mil hectares cada -algo como 200
parques do Ibirapuera contínuos de floresta densa. O governo vai receber R$ 3,3 milhões em 2011 de royalties pela Flona do Jamari.
Ela é a primeira a ser explorada pelo sistema de concessões -depois do governo
levar quatro anos tentando
colocá-lo de pé. O Serviço
Florestal promete avançar
mais rápido agora com novas
concessões.
Para proteger a área que
exploram, as empresas contam com o próprio governo e
com segurança privada
-quando a reportagem chegou, um guarda uniformizado gordinho, mas com a confiança imponente de um Capitão Nascimento, se agilizou para abrir o portão.
Além disso, toda a região é
vigiada por satélite. Esse controle serve tanto para os concessionários quanto para o
Serviço Florestal, que pode
saber se eles não estão desmatando mais do que o permitido pelo contrato.
O jornalista RICARDO MIOTO viajou a
convite do Serviço Florestal Brasileiro
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